Damasco defende o direito soberano à libertação de Idlib
Face às ameaças de países ocidentais e à ambiguidade turca, a Síria defendeu o direito a libertar Idlib. Os EUA enviaram reforços para a base de al-Tanf, junto à fronteira com a Jordânia e o Iraque.
Tropas do Exército sírio, apoiadas pela aviação russa, já têm em curso a ofensiva para libertar a província de Idlib, no Noroeste do país árabe, do domínio dos grupos terroristas. Mas não «a todo o vapor» - algo que se espera que possa acontecer nas próximas horas ou dias, com o apoio do Irão, do Hezbollah e da Rússia.
Bashar al-Jaafari, embaixador da Síria junto das Nações Unidas, disse na sexta-feira, numa sessão do Conselho de Segurança centrada na operação de Idlib, que a operação «será o último prego no caixão do terrorismo», revela a PressTV, sublinhando que o direito do seu país a lançar uma ofensiva em Idlib «está garantido pelo direito internacional, pela Carta das Nações Unidas e por resoluções das ONU sobre contra-terrorismo».
Jafaari disse que a operação de Idlib será «uma resposta à exigência de milhões de sírios, incluindo a população de Idlib», uma província estratégica junto à fronteira com a Turquia, há muito em poder de forças terroristas.
De acordo com o diplomata sírio, a defesa que «algumas partes» fazem dos terroristas em Idlib constitui uma «tentativa desesperada de os proteger, "prolongando a sua data de validade", de modo a apresentá-los como "oposição muito moderada" a outros países».
Manobras do Ocidente e ambiguidade turca
Também o Hezbollah, numa nota enviada à Prensa Latina, denunciou as manobras do Ocidente para evitar a libertação de Idlib, na medida em que isso significaria «o fracasso dos seus planos no Médio Oriente».
Recorde-se que Damasco e Moscovo têm alertado que, entre os planos do Ocidente, está uma operação de falsa bandeira na região de Idlib, envolvendo a utilização de substâncias químicas, com o propósito de incriminar o governo sírio, impedir a libertação da província e justificar novos ataques contra o país levantino.
Na cimeira realizada esta sexta-feira em Teerão, a Turquia subscreveu a declaração conjunta com o Irão e a Rússia - estados-garantes do processo de Astana -, em que se defende a continuidade da cooperação até à erradicação do terrorismo na Síria; mantém, no entanto, uma posição bastante ambígua relativamente à ofensiva sobre Idlib.
O governo turco diz defender a paz e «querer evitar um desastre humanitário», mas é sabido há muito que a Turquia apoia combatentes que lutam na província de Idlib contra o governo de Bashar al-Assad. E o Exército turco já alertou para as consequências de uma ofensiva na região.
Mais fuzileiros norte-americanos em al-Tanf
Os EUA enviaram mais de cem fuzileiros, esta sexta-feira, para proteger a base norte-americana de al-Tanf, junto à fronteira da Síria com a Jordânia e o Iraque, depois de avisos repetidos por parte da Rússia de que era iminente um ataque contra «terroristas anti-Damasco», segundo revelou o portal Task&Purpose.
Damasco e Moscovo têm acusado Washington, repetidas vezes, de estreita cooperação com os terroristas. Pelo menos desde o Outono de 2017 que os militares russos chamam a atenção para a base de al-Tanf, no Sul da Síria, tendo chamado à zona em redor da base um «grande buraco negro», uma zona onde, acusam, forças especiais norte-americanas «treinam combatentes terroristas» - membros do Daesh (também chamado Estado Islâmico).
Num comunicado citado pelo portal referido, um militar norte-americano afirma que «os EUA não procuram combater os russos, o governo da Síria ou quaisquer grupos que dêem apoio à Síria», mas «não hesitarão em usar a força necessária e proporcional para defender as forças norte-americanas» e da chamada «coligação internacional» liderada pelos EUA.
A presença dos EUA na Síria é ilegal, não tendo sido requerida pelo governo de Damasco, nem respeitando qualquer mandato das Nações Unidas.
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