A estréia do Paraguai na Berlinale
O cinema paraguaio chega pela primeira vez à competição internacional da Berlinale com o filme As Herdeiras, de Marcelo Martinessi, cineasta premiado há dois anos, em Veneza, com A Voz Perdida, melhor curta-metragem na paralela Orizzonti.
Desde 1992, Martinessi, 44 anos, realiza documentários baseados em temas sociais, como discriminações e abuso de crianças. Em 2009, seu curta-metragem Karai Norte tinha sido projetado na paralela Talentos, da Berlinale. Foi uma revelação por ter seus diálogos em guarani e por ter sido o primeiro curta-metragem paraguaio na Berlinale.
Karai Norte ganhou o Prêmio Glauber Rocha nas Jornadas Internacionais de Cinema da Bahia. Seu outro documentário Calle Última contou com o apoio da Unicef e teve financiamento da União Européia.
O Brasil deu uma pequena participação na coprodução do filme As Herdeiras, pela empresa Esquina Produções Artísticas, cujo investimento contou com a aprovação da Ancine e do BRDE, dentro do Programa Brasil de Todas as Telas.
A história
O cenário, descrito pela produção, segundo um roteiro de 2013, é a capital paraguaia Assunção em 2001. Duas mulheres vivem juntas há mais de três décadas. De boa posição social, haviam herdado dinheiro suficiente para viver sem precisar trabalhar. Mas agora, quando ambas já estão com mais de 60 anos, essa herança acabou.
Com o tempo e em meio à difícil situação econômica, a relação delas foi se desgastando e se tornou uma sequência de silêncios intermináveis. Tudo se complica ainda mais quando uma delas é presa pelas dívidas que contraiu para que ambas pudessem manter o mesmo nível de vida. Esta separação altera o equilíbrio imaginário em que viviam e as obriga a transformar um mundo que até então permanecia parado.
Rui Martins, que estará em Berlim, de 14 ao 25 de fevereiro, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.