Bajado, um artista de Olinda
Clóvis Campêlo
Pintor primitivista que se intitulava "Um artista de Olinda", nasceu na cidade de Maraial, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, em 1912. O seu nome de batismo era Euclides Francisco Amâncio. Em 1930, mudou-se para o Recife, fixando-se posteriormente em Olinda, onde durante anos morou na casa de nº 186 da Rua do Amparo. Iniciou pintando cartazes para cinemas e letreiros para lojas e açougues.
Em 1960, começou a dedicar-se à pintura de telas com tinta esmalte. A arte ingênua de Bajado tornou-se conhecida internacionalmente. O artista chegou a ser considerado pelo jornal francês Le Monde como um dos maiores pintores primitivista do mundo. Faleceu em 1996, aos 84 anos de idade.
Fotografei Bajado em 1991, na sua casa, em Olinda. Já doente e quase cego, desenhava compulsivamente. Com uma caneta hidrocor se auto-retratava e fazia inúmeros desenhos dos cow-boys americanos Tom Mix e Buck Jones. Todos estes desenhos, feitos naquela ocasião, foram guardados pelo também poeta e fotógrafo José Rodrigues Correia Filho, que me acompanhava. Apaixonado por futebol e torcedor fanático do Santa Cruz, fez inúmeras telas retratando o tema e o time coral.
Embora reconhecido internacionalmente, morreu pobre e sem recursos para financiar os tratamentos de saúde que necessitava.
Bajado não foi apenas um artista de Olinda, mas um patrimônio da cultura pernambucana.
Recife, 2012
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