É uma das mais conhecidas pinturas de Vincent van Gogh. Foi feita por ele aos 37 anos de idade, em 1889, enquanto estava internado em um asilo na cidade de Saint-Rémy-de-Provence, na França. Atualmente encontra-se na coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Clóvis Campêlo
Segundo os seus estudiosos, a obra foi feita de memória e não a partir da visão de alguma paisagem. A parte central representa a aldeia onde ficava o sanatório, sob um céu enrolado e com alguns astros fora do lugar, como a constelação da Ursa Maior, deslocada mais para o sul. O cipreste à esquerda, foi adicionado em primeiro plano à pintura.
É nesse período que o artista rompe com a sua fase impressionista e desenvolve um estilo próprio, com o uso de fortes cores primárias, às quais ele atribuía significados próprios.
Apesar da forte definição dos contornos das imagens retratadas, o cenário sugere intenso movimento, com o lugarejo espremido entre o céu, que ocupa a maior parte da figura e uma estreita faixa de terra. Parece que o pintor tomava consciência naquele momento da nossa pequena dimensão no universo.
Por outro lado, o cipreste colocado à esquerda realça o primeiro plano da composição e serve de elo entre o agitado ambiente celeste e a calma das montanhas e do casario de Saint-Rémy.
Alguns estudiosos da obra chamam ainda a atenção para a imagem da lua, à direita da composição, que mais lembra o sol, clareando o azul da noite, e as imagens das estrelas, que sugerem pequenos sóis.
Assim como talvez já tenha acontecido com milhares de outras pessoas, esse foi o quadro de Van Gogh que sempre me chamou mais a atenção. Foi a partir dele que me interessei em pesquisar e conhecer mais a sua obra, embora sem nenhuma pretensão de um estudo pertinaz e intensivo.
A admiração apenas refletiu-se numa tentativa empírica de conhecimento da obra e da vida contida do autor holandês, que contrastava com a intensidade interna dos seus sentimentos conturbados.
Recife, 2014
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