Encontro o Aldemarino no bar do Foguinho. Ele me chama pro lado porque quer me relatar a sua última grande aventura
- Descobri a máquina do tempo.
Aparentemente o Aldemarino está sóbrio, pelo menos não exala aquele bafo tradicional das 6 da tarde, quando o encontro diariamente para falar mal dos políticos, do nosso time e da vida em geral.
O Aldemarino trabalha como oficial administrativo no curso de Física da Universidade Federal, onde convive - como diz sempre - com um bando de cientistas loucos.
- Escreve aí, Percival (eu me chamo Percival, o que vou fazer?), os caras descobriram uma máquina que pode te levar para o passado, com a condição em que não interfiras em nada, tu pode olhar, mas não pode tirar nem o pó de uma mesa, explicaram.
- Tu já viu a máquina, cara?
- Não só vi, como eles me usaram para experimentar a tal máquina.
- Sério?
- Cara, a máquina é uma espécie de um caixão de vidro. Tu entra lá dentro e eles te mandam diretamente para uma hora, num dia, num determinado lugar.
- E tu escolhes para onde quer ir?
- O Dr. Estrôgenes, que comanda aquele grupo de loucos, disse que a máquina ainda está em testes e por enquanto ela é capaz de recuar no tempo até o máximo de 100 anos e ela pode te largar, tanto em Cachoeirinha, quanto em Washington.
- E pra onde te mandaram.
- Cara, eu não entendo muito de história, nem geografia, mas acho que era Berlim e pelo jeito parece que era uma época de guerra, porque tudo mundo andava fardado e tinha aquele cara de bigodinho que a gente via nas comédias do Carlitos ,querendo matar todo o mundo.
- O Hitler?
- Pode ser. Mas era um negócio engraçado, pois numa hora parecia mesmo Berlim e outra hora era Curitiba.
- Berlim e Curitiba?
- É o professor explicou depois que o sistema ainda está sendo aperfeiçoado e as vezes mistura épocas, cidades e pessoas. Ora aparecia esse Carlitos e ora aquele cara de Curitiba que quer prender todo mundo, mesmo que não tenha provas contra o sujeito.
- Hitler e o Moro?
- Engraçado, porque será que a máquina do tempo fica misturando esses dois?
- Esquece Aldemarino, vamos beber para ver se ficamos mais lúcidos.
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS