Com o que sonham os professores
Os professores estaduais anunciam uma greve para o dia 15. Protestam por melhores salários, condições de trabalho e pelas ações dos governos Temer e Sartori contra a educação.
É uma greve política?
Felizmente sim, o que mostra a conscientização, pelo menos dos professores, sobre a necessidade de lutar por seus direitos.
A Rosane Oliveira já disse na Zero Hora que a greve vai ser um fracasso e possivelmente vai ser mesmo.
Uma amiga, bastante intelectualizada, disse que os professores deveriam buscar novas formas de luta e que essa greve não levará a nada.
Será que minha amiga defende que os professores tomem na marra o Ministério e a Secretaria da Educação?
Provavelmente, não.
O que será então que esses críticos esperam que os trabalhadores façam?
As mulheres camponesas que marcharam no dia 8 em direção ao centro de Porto Alegre foram criticadas em Zero Hora porque picharam as ruas com o slogan Fora Temer e frases contra a reforma da Previdência
Não adianta nada, disse a renomada jornalista, porque os parlamentares não ouvem a voz das ruas
Novamente deve ter razão.
Meu amigo, o jornalista e professor, Tibério Vargas, escreveu emocionado texto no facebook, lamentando que depois de 30 anos como professor na PUCRS, ao pedir demissão, não recebeu nem um muito obrigado da direção da faculdade.
A universidade pagou em dia, sempre, seus salários, por que então reclamar do que o sistema capitalista não tem para dar?
Por que as pessoas não são máquinas e não querem apenas salários. Querem também o reconhecimento pelo seu trabalho.
Por isso, elas não devem aceitar as injustiças do sistema e mesmo que não possam mudar agora, devem lutar para que um dia isso seja possível.
Mao Tse Tung dizia que o caminho para a vitória passa por muitas derrotas e Lenin afirmava que é preciso sonhar sempre.
E eles foram vitoriosos,depois de múltiplas derrotas.
Então, os professores, e todos nós junto com eles,devemos saber que vamos viver ainda muitas derrotas, o que nunca nos impedirá de sonhar com a vitória final.
Com o que sonhamos?
É melhor deixar o grande poeta Carlos Drummond de Andrade contar com o que sonhamos
'Uma cidade sem portas, de casas sem armadilha,
Um país de riso e glória como nunca houve nenhum.
Este país que não é meu nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia o país de todo homem".
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS