Ainda Confidente, ainda Mineiro
Por : Pettersen Filho
"Quando se fala de Minas Gerais, a primeira ideia que vem a mente de muitas pessoas é a imagem de uma Maria-Fumaça correndo pacificamente por entre vales e montanhas sinuosas, reportando a um passado de cidades históricas que hoje não existe mais...
Outros, mais introspectivos, lembram da boa gente mineira que matreiramente prefere guardar silêncio diante de quase tudo.
No entanto, não é exatamente essa Minas Gerais que tenciono aqui abordar.
A Minas Gerais de que trato ( Saiba mais sobre o Sarau em: http://www.abdic.org.br/index.php/1605-sarau-poetico-1inconfidente-mineiro-agora-sob-novo-formato-em-edicao-nacional ) é a Inconfidente, é a Renovadora, e ao mesmo tempo, é também, a Recatada e a Tradicional. A Minas Gerais de que trato é a que anseia Falar:
Não querendo sequer, inadvertidamente, parecer apenas mais um Mineiro apaixonado, exaltando exageradamente os valores do meu Estado, respaldado pelo testemunho inequívoco da História, que assistiu a vários movimentos de abrangência nacional partirem, ou serem encabeçados, pelas Minas Gerais, assumo a propositura de que agora as palavras valem mais do que o silêncio, e falo...
Erro propositalmente nas formas de expressar-me e nas concordâncias verbais (Sobre o Poeta, saiba mais em: http://www.abdic.org.br/index.php/1611-antuerpio-pettersen-filho ), pensando assim estar mais próximo da minha boa gente, a brasileira e esquecida, perdido que estou em meio a conceitos impuros, que nos querem imputar falso prestígio, assim como que uma suposta Esperteza mineira é dadiva natural, o que definitivamente não acredito.
Confesso, mesmo, que hoje em dia, sinto-me um tanto perdido, quando me pego usando, meio sem perceber, a expressão "Uai" dentro das minhas frases... Isso me faz lembrar o que sou e para o que venho.
Na sua real identidade, a interior e latino-americana, nos Sobrados antigos da Vila Rica e nos Profetas Inconfidentes talhados por Aleijadinho, a Minas Gerais de que falo passa a ter para mim o significado do autêntico e do brasileiro, desafiando, ainda, por detrás da Serra do Mar, em seus traços característicos que, resquiciosamente, se fazem presentes, a silhueta prepotente do Modelo importado, e do supersônico, que avança a toda velocidade na fragilidade, e paradoxa, Resistência, do Sertão brasileiro.
Às vezes, andando pelas ruas da cidade, vagando por entre as vitrines iluminadas dos Shoppings que refletem a Moda lá de Paris, em meio a intermináveis noites escuras e placas neon, sentindo-me meio estrangeiro em meu próprio País, cercado por um Mundo de hot dogs e computadores japoneses, coisas que jamais saciarão a minha fome de Identidade, me pergunto: Quem eu sou ?
Somente o calor dos Garis, expostos ao frio da névoa da madrugada, e o cheiro quente dos Botequins me confortam...
A Minas Gerais de que trato é isso: Essa enorme, e pungente, Inconfidente...A minha vontade de Gritar:
"Inconfidente Mineiro" é a Obra da minha vida, a cada página e verso descrita, a cada Vagão de Minério que vai embora, a cada Esquina e no virar de cada Beco, na agrura do asfalto e da fumaça urbana, a cada novo dia esperando, e esculpindo, a mudança que se processa nesse País:
O Dia da grande, e definitiva, Derrama !"
(Extraído do poema "Inconfidente Mineiro" da Obra "Inconfidente Mineiro - Ilustrações & Poesias" de Antuérpio Pettersen Filho - Publicação Independente - 2002).
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