RDCongo: Kabila em silêncio, governo e igreja procuram soluções
Kinshasa (Prensa Latina) O presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, guarda hoje silencio três dias depois do fim de seu mandato, enquanto o primeiro-ministro recém nomeado e a Igreja católica tentem encaminhar a institucionalidade.
Com incidentes de violência esporádicos, e ao menos duas dezenas de mortos na capital e outras cidades, o primeiro-ministro Samy Badibanga -nomeado por Kabila- e alguns prelados tentam encaminhar todas as partes a uma negociação que afaste o caminho das armas.
A Conferência Episcopal Nacional do Congo estabeleceu um ultimato ao exigir à classe política (signatária ou não do acordo de 18 de outubro) que se alcance uma solução antes do Natal.
Para diversas fontes no terreno o 'Nenhum dia mais' dos prelados tem pouca força dado que a situação foge de suas mãos e diversas organizações sublinham que a permanência de Kabila no poder é inegociável.
Diante da falta de um compromisso para evitar o estancamento, os prelados submeterão nesta quinta-feira suas próprias propostas para a saída da crise tanto aos signatários como aos não signatários.
A solução de 18 outubro, firmada pelo governo e por setores minoritários da oposição, estabelecia a permanência de Kabila no cargo presidencial até a eleição (em abril de 2018) de seu sucessor, com o compromisso de não se candidatar e levar figuras opositoras a um governo de transição.
Para o site congolês 7sul7, o governo encabeçado por Badibanga teve que recompensar personalidades políticas que tiveram uma ampla participação nesta saída, que ainda não foram reconhecidas por todas as partes.
Badibanga é um dissidente da União para a Democracia e o Progresso Social, cujo chefe, Étienne Tshisekedi, pediu aos congoleses que desconhecessem Kabila como presidente e fizessem manifestações pacíficas.
Vários partidos pressionam para que as eleições sejam realizadas em 2017 e não em 2018.
A Comissão Nacional Eleitoral alegou dificuldades técnicas quando adiou as eleições em setembro, o que provocou protestos que deixaram 30 mortos, e dos quais Kabila culpou à oposição.
Kabila dirige o país desde 2001 quando seu pai, Laurent-Désiré, foi assassinado e depois venceu nas eleições presidenciais de 2006 e 2011, mas desde 2008 existem focos de violência em várias partes do país.
O papa Francisco chamou nesta segunda-feira os congoleses, e especialmente a sua classe política, a 'serem artífices de paz e reconciliação'.
O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, também pediu na quarta-feira que se trabalhasse de forma construtiva e de boa fé sobre os assuntos pendentes sobrepondo os interesses do país aos pessoais ou de grupos políticos.
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