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Novo grupo de estudos irá pesquisar agricultura urbana em São Paulo

Novo grupo de estudos irá pesquisar agricultura urbana em São Paulo

Novo grupo de estudos irá pesquisar agricultura urbana em São Paulo

O Grupo de Estudos em Agricultura Urbana (GEAU), novo integrante dos quadros de pesquisa do IEA, irá nuclear debates e estudos sobre o tema "Agricultura Urbana e Periurbana no Município de São Paulo: Possibilidades, Conexões e Contemporaneidade". Aprovado pelo Conselho Deliberativo do IEA no dia 9 de maio, terá a coordenação da professora Thais Mauad, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, especialista em saúde urbana e fundadora da horta comunitária da FM-USP.

Vinculado ao IEA pelo período de dois anos, o grupo irá produzir estudos científicos sobre a Agricultura Urbana e Periurbana (AUP), com ênfase na cidade de São Paulo e sua Região Metropolitana (RMSP).

Entre as atividades já programadas está a realização de um seminário em agosto, com a participação de professores e pesquisadores da Universidade de Melbourne, Austrália. Com data a ser confirmada, o debate deverá trazer o tema de pesquisa da professora Thais, "Achieving sustainable food production and irrigation in São Paulo and Melbourne", que busca compreender, melhorar e promover a resiliência dos sistemas de produção urbana de alimentos nessas duas metrópoles -- São Paulo e Melbourne.

No cronograma previsto para 2017 está a apresentação de parte dos resultados dos estudos realizados, além da publicação de artigos e participação dos integrantes do grupo em congressos e seminários.

O GEAU tem seis membros permanentes e dois pesquisadores colaboradores de áreas diversas. Dada a sua proposta interdisciplinar, o grupo congrega especialistas da FM-USP, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, além da Fundação Getúlio Vargas e Universidade de Rennes 2, França.

Em 2015, o grupo de pesquisadores foi o vencedor do 5º Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade, categoria Academia, com o projeto "Agricultura Urbana: Produção, Varejo e Consumo de Alimento". Para os integrantes do GEAU, o prêmio representa "um grande avanço na divulgação da importância da Agricultura Urbana no Brasil e em São Paulo".

 Os estudos deverão contribuir para o debate sobre a natureza dos atores, das relações sociais, das dinâmicas socioespaciais e dos impactos gerados pela Agricultura Urbana e Periurbana. A compreensão das novas configurações socioespaciais geradas por esse ramo são importantes para fomentar o debate acadêmico sobre o mundo urbano contemporâneo, segundo os proponentes do projeto.

Além de parcerias e disseminação do conceito de agricultura urbana, os estudos pretendem contribuir com referenciais teórico-metodológicos para explicar fenômenos urbanos, em especial quanto à situação da cidade de São Paulo e América Latina.

Alternativa para o consumo das cidades

Há estimativas de que o crescimento demográfico e o aumento da densidade populacional nas cidades elevarão para 9,6 bilhões o número de habitantes no planeta em 2050. Além disso, a pressão sobre a disponibilidade de terras aráveis e as elevadas vulnerabilidades advindas das mudanças climáticas globais são fatores de ameaça à sobrevivência humana num tempo não muito distante. Dado esse quadro, os jardins e as hortas urbanas têm sido apontados por estudiosos como a saída para a segurança alimentar e nutricional no futuro.

Em muitas cidades da Europa, Estados Unidos, Ásia e Oceania, o incentivo à produção de alimentos em áreas urbanas e periurbanas já se transformou em política pública. Os berlinenses conseguem abater taxas e impostos municipais quando implantam e mantêm tetos verdes nos prédios ou casas onde moram. Em Nova York, o Green Roof Tax Abatement Program e o Infrastructure Grant Program são dois programas que ajudaram a tornar uma das cidades com maior densidade populacional do mundo líder na prática da agricultura urbana.

As iniciativas nas capitais brasileiras aumentam a cada dia, seja pela atuação de movimentos comunitários e culturais, como o MUDASP, Hortelões Urbanos, Virada Sustentável, entre outros, além da conscientização crescente no ambiente escolar e de ações impulsionadas inclusive pela academia e poder público.

 Hortas comunitárias, agricultura vertical, agricultura urbana, zoneamento urbano de alimentos, horticultura empresarial, horticultura urbana, jardins de locação e skyfarmingsão alguns termos relacionados à prática de cultivar, processar e distribuir alimentos em área urbana ou em seu entorno.

A importância dessas redes está associada não só à produção de alimentos saudáveis e à melhoria da nutrição e sustentabilidade das cidades, mas também à qualidade de vida dos moradores. Os jardins e hortas urbanas oferecem uma alternativa de relaxamento para a vida urbana e muitas vezes servem como locais de encontro comunitário e áreas de lazer. Entre os inúmeros benefícios da AUP estão a qualidade microclimática e o aumento da agro biodiversidade.

A ideia de produzir alimentos suplementares não é nova e nasceu em situações de crise e tempos de guerra. No século 19, a horticultura urbana foi praticada na Alemanha, no Reino Unido, nos EUA e no Canadá como resposta à pobreza e à insegurança alimentar. Nas guerras mundiais, a horticultura urbana foi praticada para amenizar a escassez de alimentos causada pela suspensão da produção e da distribuição, já que os meios de transporte haviam sido destruídos.

por Sylvia Miguel 

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Author`s name
Ksenia Semenova