Havana, (Prensa Latina) As denúncias do presidente Raúl Castro sobre as tentativas desestabilizadoras do governo dos Estados Unidos contra Cuba foram denunciou nesta quinta (03) a revelação de um plano para incentivar a juventude cubana à contrarrevolução, com participação de uma agência estadunidense.
Washington planejou a criação de um "Twitter cubano" para atacar as autoridades da ilha, promovido pela Agência dos Estados Unidos para a Assistência Internacional (Usaid), empresas de fachada constituídas secretamente e com financiamento de bancos estrangeiros.
A agência de notícias Associated Press (AP) assegurou hoje que teve acesso a mais de mil documentos sobre a rede de comnunicações Zunzuneo, cujo propósito era se tornar popular entre os jovens cubanos e depois "os empurrar para a dissidência".
AP assegura que os usuários nunca souberam que o projeto foi criado por uma agência dos Estados Unidos vinculada ao Departamento de Estado, nem que os contratantes estadunidenses estavam reunindo dados pessoais sobre eles com a esperança de que essa informação fosse utilizada com propósitos políticos.
Em primeiro de janeiro deste ano, em ocasião do aniversário de 55 anos da Revolução Cubana, o presidente Raúl Castro denunciou "tentativas de introduzir subtilmente plataformas de pensamento neoliberal e de restauração do capitalismo neocolonial" em Cuba.
"Se empanham enganosamente em vender aos mais jovens as supostas vantagens de prescindir de ideologias e consciência social, como se esses preceitos não representassem cabalmente os interesses da classe dominante no mundo capitalista", disse o chefe de Estado em Santiago de Cuba, ao leste daqui.
Enfatizou então que com tais esforços se pretende "induzir à ruptura entre a direção histórica da Revolução e as novas gerações e promover incerteza e pessimismo face ao futuro, tudo isso com o marcado fim de destruir a partir de dentro o socialismo em Cuba".
Segundo a fonte, o plano anticubano poderia ser violatório das leis norte-americanas, que exigem autorização por escrito do Presidente e uma notificação ao Congresso para realizar qualquer operação secreta.
No mínimo, os detalhes postos em evidência parecem contradizer os argumentos que por muito tempo têm sido esgrimidos pela Usaid no sentido de que não participa de ações encobertas.
O assunto tem estreita relação com a situação do contratador da Usaid, Alan Gross, detido em 2009 em Cuba e condenado por realizar ações ilegais com objetivos e procedimentos muito similares à operação Zunzuneo.
A revelação aponta que a Usaid e seus contratadores fizeram um esforço significativo para ocultar os laços que o projeto tinha com Washington.
Acrescenta que para efeito estabeleceram empresas de fachada na Espanha e contas bancárias nas Ilhas Caimã para ocultar as transações financeiras.
Também tentaram contratar altos executivos de empresas privadas sem lhes dizer que se tratava de um projeto financiado com dinheiro dos contribuintes dos Estados Unidos.
"Não se mencionará em absoluto a participação do governo dos Estados Unidos", detalha um relatório da Mobile Accord, uma das empresas contratantes. "É totalmente crucial para o sucesso a longo prazo do serviço e garantir o cumprimento da Missão", conclui.
O senador Patrick Leahy, democrata por Vermont e presidente da Subcomissão do Senado sobre o Departamento de Estado e Operações no Exterior, disse que as revelações são preocupantes.
"Existe o risco de que cubanos jovens tenham usado o serviço em seus telefones móveis sem saber que era uma atividade financiada pelo governo dos Estados Unidos", apontou.
"Também está a natureza clandestina do programa, sobre o qual não se informou à Subcomissão de Atribuições que tem a responsabilidade de fazer supervisão. E o fato de que o serviço começou a operar pouco depois da prisão de Alan Gross", sublinhou.
O plano, que pretendia mobilizar e organizar jovens cubanos contra o governo de seu país funcionou de 2009 até o ano 2012, informou a AP.
Zunzuneo insere-se em uma extensa lista de operações secretas anticubanas, que incluem desde a invasão pela Baía dos Porcos, as tentativas de assassinar Fidel Castro e outros dirigentes da ilha e o apoio a grupos contrarrevolucionários que assassinaram camponeses e educadores.
Também inclui ações terroristas como a explosão de um avião comercial da Cubana de Aviação com 73 pessoas a bordo, em 1976, e a introdução de doenças como dengue hemorrágica na ilha, entre outras da guerra biológica.
O governo estadunidense financia e dirige transmissões de rádio e televisão contra Cuba, país ao qual submete ao mais longo bloqueio econômico, financeiro e comercial da história.
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