Opinião: A medicina brasileira, até os anos 70, era respeitada mundialmente como boa. Construímos Brasília, hoje considerada com Patrimônio da Humanidade.
Temos a maior hidroelétrica do mundo, Itaipu. Ora, um país capaz destas qualidades, forçosamente deve ter um ensino esmerado. Teve um bom ensino. Não tem mais. Veio progressivamente caindo, a partir dos anos oitenta e teve queda acentuada nos últimos anos.
O estudante brasileiro é hoje um dos piores do mundo, segundo dados internacionais, como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). É fraquíssimo no conhecimento da língua, e absolutamente imbecil na compreensão da ciência. Ou seja, temos um futuro caótico pela frente. As escolas, tanto na parte física, maltratada, sem conservação, suja e sem a parte intelectual, os professores qualificados, não são capazes de formar alunos capazes. Tão vergonhosa é a coisa que muitos alunos possuidores do curso básico completo, o primário, mal sabem ler e escrever, uma humilhação das maiores. Não era assim, até 1970, que parece ser a data do início da degradação do ensino brasileiro.
A escola superior entrou igualmente em decadência. Para ingressar na Ordem dos Advogados, os pretendentes são obrigados a passar em prova dada pela mesma, que tem a finalidade de resguardar os cidadãos quando precisarem de um advogado. O ensino da medicina foi tão vulgarizado que o Conselho Federal já pensou em adotar o mesmo sistema da OAB, só permitindo a inscrição mediante aproveitamento em prova.
O atual governo preza por destruir ainda mais o ensino, quando alunos ameaçam professores e pais processam os colégios, por entenderem que estão sendo rigorosos demais com a disciplina e as aulas ministradas. O velho mestre, respeitado por todos antigamente e nos países do mundo, transformou-se em figura retrógrada e idiota, na visão dos pais e alunos.
Grandes educadores brasileiros, como Cristóvão Buarque, um dos fundadores da Universidade de Brasília com o seu amigo e colega Darcy Ribeiro, tentaram reverter esta maléfica ordem, sem sucesso. Ambos de formação socialista democrata deveriam ser aceitos nos governos do PT. Darcy Ribeiro morreu, e o senador Cristóvão Buarque abandonou o Partido dos Trabalhadores, principalmente por causa do ensino.
Segundo educadores competentes, esta é uma excelente forma de controlar o povo, mantendo-o ignorante e sem conhecer seus direitos. Qualquer migalha que lhe for dada por políticos inescrupulosos é vista como dádiva dos céus, enquanto ele continua ignorante e explorado.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor