Oito mil cadeiras de plástico, alinhadas diante do telão de quase 300 m2, recebem todas as noites o grande público. Embora também haja filmes que possam ser considerados com "de autor", a grande maioria é o que os americanos chamam de "enterteinement".
Alguns desses filmes, destinados a serem sucessos de bilheteria já forma exibidos. É o caso de Wrong Cops , de Quentin Dupieux, uma coprodução francoamericana, edicado aos policiais corruptos, cúmplices de traficantes, prepotentes e capazes de qualquer chicana, roubo ou ato desonesto. Não se trata de um documentário sobre a polícia americana ou brasileira, mas de uma agradável comédia sulfurosa e sem piedade sobre os policiais acompanhada pela música eletrônica do próprio diretor do filme, extraída do seu novo album Mr. Oizo.
Realmente a luta dos policiais e governo americano contra os traficantes não parece entusiasmar e nem convencer Hollywood. Depois da CIA e o DEA terem sido ridicularizados pelo filme Dose Dupla, na abertura de Locano, e por Wrong Cops, o terceiro filme exibido na Piazza Grande, We´re the Millers é outra gozação desrespeitosa da luta contra o cartel da droga chefiado por traficantes mexicanos.
Essa sequência deve ter alguma razão e talvez esteja ligada à uma desconfiança geral sobre a seriedade da política anti-drogas, provavelmente misturada com corrupção.
O filme acaba de ser estreado nos EUA e, de acordo com seu diretor presente em Locarno, Rawson Thurber, é sucesso de bilheteria principalmente entre os adolescentes. A estréia na Europa deverá ocorrer nas próximas semanas. Thurber não discute a questão da maneira desmoralizadora com que os filmes tratam da política contra os traficantes e explica ter recebido o roteiro do filme pronto de Bob Fisher e outros roteiristas.
"A intenção era de lançar uma comédia envolvendo a idéia de uma falsa família envolvida com a droga, porém de maneira superficial nada sério. Ao final, existe uma mensagem indireta em favor da família, pois os falsos familiares acabam superando suas divergências e acabam se transformando num verdadeira família", diz Thurber.
Quanto ao aspecto road film, Thurber explica não terem sido mais fáceis ou mais difíceis as filmagens, pois muitas delas foram feitas também em estúdio. "O objetivo era permitir ao público acompanhar a evolução do filme. Foram utilizadas três caravanas e helicópteros para vistas aéreas".
Sobre a picada de aranha nos testículos do jovem "virgem" Kenny, já colocado por alguém no Facebook, já houve alguns milhões de cliques. Um dos aspectos mais difíceis da filmagem foi o de reunir os jovens atores em interesses comuns e criar com eles um clima de ajuda e cooperação. Isso foi alcançado e permitiu cerca de 15% de cenas improvisadas, conta o diretor Thurber.
Houve alguma razão para a escolha do sobrenome Miller para a família. Thurber ignora se houve, pois quando recebeu o cenário pronto, a família já se chamava Miller, constituída do seu chefe David, o traficante; Rose, a profissional de strip-tease; Kenny, o cândido jovem Kenny, seu vizinho, e a jovem Casey, um tanto perdida.
Rui Martins