HELDER CALDEIRA*
Escritor, Jornalista a Apresentador de TV
www.ipolitica.com.br - helder@heldercaldeira.com.br
*Autor do best-seller "A 1ª PRESIDENTA" (Editora Faces, 2011, 240 páginas) e Jornalista e Comentarista Político da REDE RECORD, onde apresenta o "iPOLÍTICA". Acaba de lançar seu primeiro romance de ficção: "ÁGUAS TURVAS" (Editora Faces, 2012, 278 páginas).
Alguns já estão dizendo que as sentenças do Supremo Tribunal Federal para os réus condenados pelo escândalo do Mensalão são um marco, um divisor de águas para a nauseabunda cultura brasileira da impunidade. Duvido disso. O julgamento em questão tem apelo midiático, encontrou um ministro-relator polêmico e disposto a comprar brigas como nenhum outro faria e uma dose extraordinária de opinião pública exigindo nada menos que a condenação. Daí a dizer que teremos uma forte jurisprudência, não creio.
Entre outros motivos para minha descrença está o fato da Justiça não ter sequer cogitado a possibilidade de obrigar os condenados a devolver o dinheiro público roubado. Vão pra cadeia por alguns míseros anos, deverão pagar multas pífias (considerando as centenas de milhões de Reais envolvidos no esquema) e não foram obrigados a ressarcir o erário pelos monumentais desvios, agora estabelecidos como verdadeiros por conta das supracitadas condenações. A propósito, dadas as origens de suas rendas e trajetórias profissionais, os mensaleiros só conseguiram pagar os advogados mais caros país para lhes defender graças à roubalheira.
José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, Marcos Valério e toda patota do Mensalão entram para a agremiação de larápios que a Justiça brasileira não consegue obrigar a devolver os recursos públicos roubados. Agora são diletos integrantes de uma lista composta por Lalaus, Pittas, Barbalhos, Vavás, Sarneys e o sempre sorridente Paulo Maluf, célebre figura do rol de procurados pela Interpol e que brinda os brasileiros com um mandato de deputado federal e uma fundamental parceria com a gangue do ex-presidente Lula da Silva.
Mas, se não criam uma jurisprudência que possa ser tomada como sólida e eficaz, as condenações dos mensaleiros pelo STF enviam um recadinho emblemático aos corruptos do país: a corda dos políticos é mais forte!
O publicitário Marcos Valério pegou mais de 40 anos de xilindró; seus sócios na SMP&B e DNA levaram quase 30 anos; a executiva de finanças Kátia Rabello amargou mais de 16 anos; e o núcleo político ficou na média de oito anos de prisão, alguns deles podendo cumprir a pena em regime semiaberto. Enquanto isso, o chefe da quadrilha foi condenado a míseros 10 aninhos e só deve ficar no xilindró por cerca de dois anos, talvez desfrutar por algum tempo da regalia de uma sala do Estado Maior (já que José Dirceu é advogado, como prevê Artigo 7º da Lei nº 8.906/1994, que institui o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), além de uma ilustrada militância fanática (e lunática!) a lhe defender.
Em outras palavras: os políticos só não saíram ilesos desse processo por força das opiniões pública e publicada. Caso contrário, seguiriam livres para cumprir mandatos de deputado, senador, prefeito ou governador, além de postular postos de ministros de Estado e os mais altos cargos da República. Assistimos isso todos os dias em quase dois séculos. Nem a comemorada Lei da Ficha Limpa é plena, já que caça direitos políticos de bandidos por algum tempo e não para sempre. No fim, a politicagem consegue escapar às maiores penalidades.
Então, fica a dica: quando um político ou uma agremiação partidária lhe propor uma negociata que envolva dinheiro público, recuse. Lembre-se que vale a máxima da corda que sempre arrebenta para o lado do mais fraco. E a politicada brasileira ainda é forte. Muito forte! Você duvida? Pergunte ao Marcos Valério e ele lhe dará lições de boa bisca: medo, terror e mais de 40 anos de cana por ter se metido com uma quadrilha do PT. E ainda pode cair sobre suas costas o famigerado mensalão mineiro do tucanato. Pense: será que vale a pena?
Escritor, Jornalista a Apresentador de TV
www.ipolitica.com.br - helder@heldercaldeira.com.br
*Autor do best-seller "A 1ª PRESIDENTA" (Editora Faces, 2011, 240 páginas) e Jornalista e Comentarista Político da REDE RECORD, onde apresenta o "iPOLÍTICA". Acaba de lançar seu primeiro romance de ficção: "ÁGUAS TURVAS" (Editora Faces, 2012, 278 páginas).