Campanha dá cartão vermelho para parlamentares que querem piorar MP do Código Florestal
Manifestantes tomaram os corredores da Câmara, na manhã desta quarta-feira, para dar um "cartão vermelho" aos parlamentares que apresentaram as piores emendas ao relatório da Medida Provisória 571/12, que altera o novo Código Florestal (acesse as fotos aqui ). (O crédito é da campanha www.florestafazadiferenca.org.br).
O ato faz parte da nova fase da campanha do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, cujo mote é "O Jogo Não Acabou, Vamos Apitar Esta Partida".
A campanha está no ar no site www.florestafazadiferenca.org.br, onde pode ser vista a lista com os nomes dos 23 maiores "inimigos das florestas".
Na seção Como participar, os internautas também têm acesso a um formulário, onde podem enviar o cartão vermelho por e-mail aos parlamentares.
A intenção é mostrar que a sociedade civil está de olho no trabalho do Congresso. Além de dar cartão vermelho, os participantes lembram os parlamentares que as eleições estão chegando e que o Brasil não quer colocar em riscos as florestas elegendo ou reelegendo um deles.
A leitura do parecer do relator da MP, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), estava agendada para hoje (4), mas, menos de 24 horas, antes o Congresso anunciou o adiamento para segunda-feira (9), às 14h. A votação, que já estava definida para acontecer no dia 10 de julho, poderá ser remarcada.
Formado por 200 das principais organizações da sociedade civil, o Comitê avalia que o texto da medida provisória, já considerado muito ruim, pode piorar caso sejam aprovadas várias das 696 emendas propostas pelos parlamentares.
Desde a Rio+20, a ação marca presença nas ruas e na internet. Foi após a "Marcha Ré", no dia 18/06, que o primeiro cartão vermelho foi mostrado a um parlamentar ruralista. A campanha nasceu com os apelos da sociedade para que a presidente Dilma Rousseff vetasse na íntegra a proposta que de alteração do Código Florestal.
Porém, ignorado pela presidente, o público volta com mais ânimo para alertar para o fato de que o texto aprovado no dia 28 de maio aumenta o desmatamento e anistia quem cometeu crimes ambientais.
Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, "essa nova fase garante continuidade ao capital social da mobilização contra o Código Florestal". Mantovani ressaltou também que o "governo tem colocado a sociedade civil à margem de qualquer negociação desde a Rio 92, abrindo espaço apenas para a bancada ruralista".
Pedro Gontijo, secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB e integrante do Comitê, acredita que, apesar da tentativa de parlamentares de tornar o texto ainda mais prejudicial à sociedade civil e às florestas brasileira, "o bom senso da maioria não ruralista saberá interpretar a dicotomia entre preservação e produção, o que guiará o resultado da votação do relatório".
"Como o futebol faz parte da cultura nacional, essa é uma forma de deixar claro qual é o jogo que acontece no Congresso e chamar a sociedade a participar", afirma Alexandra Reschke, secretária executiva do IDS(Instituto Democracia e Sustentabilidade).
Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável