Quando dos Autonomistas aos Independentistas ...
esquecem a nossa História!
2 de Março de 1895 - 126 anos decorridos na História dos Açores e do seu Povo.
Por Decreto do governo português de então, datado de 2 de Março de 1895 e publicado dois dias depois no Diário do Governo, com o n.º 50, veio á luz do dia, o então chamado de "Decreto Autonómico" resultado de um sentimento de liberdade e autodeterminação de um Povo farto de ser comandado à distância e, vigiado pelos então chamados de capitães donatários, representantes do colonialismo assoberbado do governo central sediado em Lisboa, capital do Império.
Podemos dizer que a História da Autonomia (limitada), na Constituição Portuguesa vivida hoje nos Açores como Região Autónoma, começou àquela data do ano de 1895. Deve-se a concretização do referido Decreto, à intensa campanha autonómica e independentista, centrada na ilha de São Miguel, a chamada de (Primeira Campanha Autonómica) inspirado por Aristides Moreira da Mota e Gil Mont'Alverne de Sequeira, considerados os fundadores da primeira autonomia açoriana.
Foram muitos os açorianos que de uma forma ou de outra lutaram pela difusão das suas ideias autonómicas e independentistas. Deixamos aqui o nome e obras de alguns: - Pe. António Cordeiro (1641-1722) com a sua "História Insulana" Das Ilhas a Portugal Sujeitas no Oceano Occidental; João Soares de Albergaria de Sousa "A Independência Açoriana e seu Fundamento", Francisco de Ataíde Machado de Faria e Maia. - "Em Prol da Descentralização. Livre Administração dos Açores pelos Açoreanos"; Gil Montalverne de Sequeira "QUESTÕES AÇORIANAS". José Bruno Tavares Carreiro: - "A Autonomia Administrativa dos Distritos das Ilhas Adjacentes"
Todos eles, bem assim alguns dos nossos "tempos", estiveram e estão na "esteira" da "divisa" que nos foi deixada por Ciprião de Figueiredo e que, integra o Brasão de Armas da chamada por enquanto de Região Autónoma dos Açores pois continuamos na esperança de que um dia a adjectivação de Região Autónoma deixe de existir.
Sem dúvida... tudo tem um princípio. A autonomia (deixai-me empregar a inicial em minúscula) que hoje temos, teve o seu embrião no Decreto Autonómico de 1895. Deram-nos o "gostinho" um "rebuçado". Temos uma Assembleia Legislativa sem partidos com ADN açoriano; temos uma Bandeira com um escudo colonialista apenso; temos um Hino este sim com raízes açorianas na sua letra e na sua música herdada do então Hino Popular da Autonomia dos Açores, tocado a primeira vez a 3 de Fevereiro de 1894 durante as campanhas autonomistas da década de 1890. Temos orgulho de responder quando nos perguntam de onde somos dizer "dos Açores", sou açoriano.
Mas curiosamente temos ainda muito que lutar para atingirmos a maioridade a que temos Direito em conformidade com a Carta dos Direitos do Homem. A Autonomia dos Povos é uma caminhada permanente até à sua meta principal a "LIBERDADE" do seu "EU".
Ainda temos um "olheiro" de um presidente, que diz os Açores terem "autonomia" quanto basta. Não mandamos no nosso MAR nem no nosso Espaço Aéreo. Não nos podemos organizar partidariamente. Temos inimigos sentados nas confortáveis cadeiras da Assembleia da República. O poder concertado com entendimentos político-partidários de interesses centralistas.
Curiosamente e numa altura em que voltam a surgir problemas de relacionamento entre os poderes central e regional, a data histórica do "Dia 2 de Março", passou despercebida à maioria das pessoas dos Açorianos. ... simplesmente foi ignorado pelos Órgãos Legislativo e Governativo Açorianos.
Daí ... Onde estiveram os afirmados autonomistas e independentistas?
José Ventura 2021-03-05
(O autor opta por escrever pela antiga grafia)