Histórias contadas por árvores de 20 milhões de anos
Por Yanet Llanes Alemão* Havana (Prensa Latina) O novo achado de árvores petrificados de uns 20 milhões de anos segue desvelando histórias das ilhas gregas no mar Egeu, como Lesbos, declarada Geoparque Mundial da Unesco desde 2012.
A evidência fóssil sugere que a região teve um clima subtropical, com palmeiras e muitas plantas frutíferas, segundo confirmou o diretor do Museu de História Natural do Bosque Petrificado de Lesbos, Nikolaos Zouros.
Assombrado pelo estado de conservação de um tronco de oito metros de largura, de uma espécie ancestral de gigantescas sequoias, Zouros destacou uma vez mais a paisagem de importância geológica internacional, que se gerencia com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável.
Equipes de geólogos e técnicos de escavação também desenterraram de um mar de cinzas vulcânicas o extenso sistema de raízes de uma árvore fossilizado, considerada a maior operação de salvamento arqueológico em curso da instituição fundadora da Rede Europeia de Geoparques.
Isso se une à descoberta anterior de troncos que datam dentre 15 e 20 milhões de anos em posição vertical, com raízes intactas de sete metros, e tumbados, de até 20 metros, inclusive, na área marítima entre Lesbos e Lemnos, o que reafirma o patrimônio geológico excepcional e a beleza natural única da zona.
Os restos fossilizados conservam finos detalhes de sua crosta e seu interior revela uma grande variedade de cores; também, registra-se a descoberta de ramos, frutos, folhas e espécies marinhas possuidoras de um halo de mistério e majestosidade.
Também na área do Geoparque há achados do mamífero terrestre mais antigo conhecido (Prodeinotherium bavaricum) há 19 milhões de anos na Grécia, bem como impressionantes fósseis de animais que viveram em Lesbos há 2 milhões de anos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco).
A criação do bosque está relacionada de forma direta com uma intensa atividade vulcânica durante a época geológica do Mioceno, há aproximadamente 23 milhões de anos.
O ecossistema compreendia enormes árvores similares aos da família Sequoia que se encontra hoje na América do Norte, bem como pinos, robles, coníferas e canelos.
O Estado grego reconheceu o valor ambiental, geológico e paleontológico do bosque, um dos maiores do mundo, e o declarou Monumento Natural protegido; depois, em 2004 solicitou sua inscrição na lista de lugares Patrimônio Mundial da Humanidade.
Para isso se centrou na exclusividade da região, seu estado de conservação e proteção, bem como seu valioso valor científico e acadêmico, junto a sua importância global como ponte de vida silvestre entre Ásia e Europa e o meio cultural circundante.
Também referiu que o bosque de pedra contribuiu ao nascimento das ciências naturais na zona do mar Egeu; Aristóteles, por exemplo, e Teofrasto, que nasceu em Lesbos e escreveu os primeiros livros científicos sobre rochas e fósseis.
Um componente importante do plano de gerenciamento do Geoparque é o apoio à economia local, pois criaram-se várias oportunidades para empresas turísticas, pequenos hotéis, casas de hóspedes, restaurantes e artesãos locais.
A Unesco destaca a colaboração com cooperativas de agroturismo integradas por mulheres e a organização de um festival de verão que promove produtos locais de alta qualidade, alimentos e bebidas.
O parque inclui o Museu de História Natural (1994), em Sigri, que oferece aos visitantes um melhor entendimento da evolução geológica do mar Egeu nos últimos 30 milhões de anos, junto com uma variedade de exibições originais.
Também podem ser organizadas visitas guiadas especiais e programas educativos para estudantes, que cobrem uma ampla faixa de atividades como escavação e conservação de fósseis, observação da natureza e as aves.
Estas contribuem à economia local através do desenvolvimento do geoturismo educativo e ajudam a sensibilizar os habitantes sobre a importância dos monumentos naturais e a conservação do patrimônio da terra.
Lesbos é a terceira ilha maior da Grécia e a sétima do Mediterrâneo com uma área de 1.636 quilômetros quadrados e 370 quilômetros de costa.
Com uma população é de 85.410 habitantes, segundo o censo de 2011, sua economia local baseia-se na agricultura, com ênfase na produção de azeite de oliva, a pecuária e pesca.
Também se desenvolve a destilaria e seu principal produto é o mundialmente famoso ouzo.
Para as autoridades locais, a ilha teria enormes benefícios econômicos, turísticos e científicos se o bosque petrificado convertesse em Patrimônio da Humanidade, título que reconheceria o valor dessas árvores que contam histórias a mais de 20 milhões de anos.
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