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Nota do Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público pela Escola com Partido

Nota do Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público pela Escola com Partido

Nota do Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público pela Escola com Partido

O Transforma MP compartilha o Manifesto do MNMMP contra o projeto que ficou conhecido como Escola sem Partido, apontando os retrocessos democráticos que podem ocorrer com o avanço da matéria:

Nós, promotoras e procuradoras integrantes do Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público, somos radicalmente contrárias ao projeto da "escola sem partido", que a pretexto de uma falsa neutralidade, nega às alunas e aos alunos a consciência do contexto social e histórico em que estão inseridos. Por sermos mulheres, precisamos nos posicionar, tomar partido, demonstrar o nosso lugar de fala, de lutas históricas pela igualdade de direitos, pelo fim das violências, física, psicológica e simbólica que vitimam tantas mulheres.

As ideias são plurais, o conhecimento é livre e a educação não pode ser impessoal e distante porque ela forma pessoas humanas, para serem agentes de transformação social, agentes de um mundo mais justo, mais igualitário, mais livre.

O conhecimento precisa ser vivido, estar no universo sensitivo, das experiências, não pode ser uma abstração. É pelo processo de conhecimento que homens e mulheres têm a oportunidade de reagir ao machismo, à sociedade patriarcal e misógina, que menospreza a mulher. É no contexto da sociedade em que vivemos, que nascem os questionamentos e são impulsionadas as mudanças, de pensamento e de posturas.

É pela educação que nos indignamos com o preconceito, com as desigualdades sociais. Não aceitamos a realidade que mata as mulheres, que as violenta, que as discrimina. Por isso não aceitamos uma escola sem partido, neutra, que não provoque mudanças. A educação tem partido, partido da igualdade, da liberdade, do pluralismo e da democracia. Não é o partido político. É o partido de fazer escolhas, de questionar e de buscar mudanças, conhecendo e criticando os fenômenos sociais.

Não podemos imaginar uma escola que não conscientize sobre as desigualdades que sofremos na história, sobre o assédio, moral, sexual, sobre a violência doméstica, sobre a divisão sexual do trabalho. Queremos cidadania e dignidade para todas as mulheres! Queremos uma educação libertadora!

Nossa escola tem partido: o das meninas e das mulheres brasileiras, que precisam de uma educação transformadora e digna, porque sonham viver em paz, conquistar espaços e serem autoras e donas de suas vidas!

Nossa escola tem partido, garantida na Carta Constitucional de 1988, em seu art. 206, em especial no princípio da "liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" e no princípio do "pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas".

Fundamenta-se nossa escola com partido na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, que estabelece "o combate às desigualdades, a construção de sociedades justas e inclusivas, a proteção aos direitos humanos; a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e das meninas." Não poderemos promover a igualdade de gênero e nem empoderar mulheres e meninas com uma educação neutra, sem partido.

A escola que tem partido é a que nos representa como integrantes de um Ministério Público (art. 127 da CF) defensor da democracia, da igualdade de direitos entre homens e mulheres e dos direitos humanos de todas nós, mulheres, e de todas as meninas deste nosso país, pelas quais lutamos, incansavelmente, e que são a razão de existir deste nosso movimento.

Precisamos que as escolas eduquem para a igualdade de gênero, para o respeito e a liberdade entre homens e mulheres. E é por tudo que lutamos e no que acreditamos, por reafirmação de direitos e por igualdade de gênero, que rejeitamos a "Escola sem Partido".

MOVIMENTO NACIONAL DE MULHERES DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Fonte: Blog Combate ao Racismo Ambiental

 


Author`s name
Ksenia Semenova