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ONU premia Associação Terra Indígena do Xingu por soluções socioambientais inovadoras

ONU premia Associação Terra Indígena do Xingu por soluções socioambientais inovadoras

ONU premia Associação Terra Indígena do Xingu por soluções socioambientais inovadoras 

São Paulo, 14 - O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) entrega neste domingo (17/09), em Nova York, o prêmio Equatorial 2017 à Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) pelo trabalho pioneiro na autocertificação de um produto orgânico: o Mel dos Índios do Xingu, que envolve 100 apicultores de 39 aldeias dos povos Kawaiwete, Yudjá, Kisêdjê e Ikpeng.

Foram reconhecidas 15 iniciativas de comunidades indígenas e populações tradicionais da África, Ásia e América Latina que apresentam soluções inovadoras para o desenvolvimento de cadeias produtivas, combate à pobreza e às mudanças climáticas. No caso dos índios xinguanos, a cada ano são comercializadas aproximadamente duas toneladas de mel.

Fundada em 1995, a Associação Terra Indígena Xingu (Atix) representa os 16 povos indígenas: Aweti, Ikpeng, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiweté, Kisêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Tapayuna, Trumai, Waurá, Yawalapiti, Yudja. Ao longo de sua história, a Atix foi assumindo o desafio da construção da autonomia multiétnica na gestão do território xinguano. Desde quando foi criada, têm buscado trabalhar questões de interesse comum aos diferentes povos do TIX.

Desde o início, a Atix  vem se destacando pelo papel desempenhado na proteção e fiscalização territorial. Teve grande participação na reorganização do atendimento à saúde e no reconhecimento das escolas indígenas do TIX e atualmente, vem também se consolidando como uma associação respeitada e influente, ocupando diversos espaços na política indígena no plano regional e nacional.

A associação coordenou a construção do Protocolo de Consulta do Xingu e do Plano de Gestão do Xingu, e atualmente está trabalhando em suas implementações. O desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis também foi uma preocupação enfrentada pela Atix, além de comercializar o Mel dos Índios do Xingu, a Atix se tornou um Organismo Participativo de Avaliação das Conformidades (Opac), desempenhando também a função de coordenar a certificação orgânica da produção do TIX. A Atix é membro do conselho deliberativo da do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Também possui assento na Subcomissão Temática de Sociobiodiversidade da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo), no Foro Brasileiro de Sistemas Participativos de Garantia (SPG) e no Foro Latino Americano de Agroecologia e SPG.

Autocertificação, uma conquista do Xingu!

A certificação orgânica dos produtos sempre foi um desafio para os povos do Xingu. A única alternativa era recorrer a sistemas de certificação auditados por empresas especializadas privadas. O alto custo e a burocracia que não levava em consideração as particularidades dos povos indígenas, dificultavam o processo.

Em 2015, a Atix se tornou a primeira associação indígena certificadora de produção orgânica. A associação foi credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que é responsável pela normatização e fiscalização das regras da produção orgânica no Brasil. Assim, foi inaugurando o primeiro Sistema Participativo de Garantia (SPG) exclusivamente indígena do mundo. As normas preveem a organização de uma estrutura de avaliação e verificação dos produtos pela própria comunidade, a fim certificá-los conforme as regras da produção orgânica, fortalecendo o controle social e a transparência do processo.

O Sistema Participativo de Garantia é uma importante política pública de acesso dos pequenos produtores à certificação orgânica. Mais do que a certificação do mel do Xingu, essa conquista possibilita que grupos de pequenos produtores de todo Brasil se organizem para certificar seus produtos sem intermediação de certificadoras privadas.

Transparência da coleta à prateleira

O Mel dos Índios do Xingu também tem o Selo Origens Brasil. A iniciativa, elaborada em parceria entre o Instituo Socioambiental o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) faz parte da estratégia de valorizar os produtos da floresta por meio de um dispositivo de rastreabilidade.

O trabalho, realizado em parceria com o ISA há quase duas décadas, já se consolidou como uma importante alternativa de geração de renda articulada com o modo de vida dos povos indígenas. A iniciativa tem como objetivo organizar e assegurar a segurança alimentar dos povos e canalizar os excedentes das produções para um mercado formalizado com responsabilidade social e ambiental.

O Mel dos Índios do Xingu é uma das maiores referências quando se fala em alternativa de renda compatível com os povos da floresta e agora passa a ser reconhecido internacionalmente. Na esteira desse processo, novas alternativas estão se fortalecendo, como a pimenta, o óleo de pequi e a meliponicultura.

O produto está à venda em unidades dos supermercados Pão de Açúcar e no Box Amazônia e Mata Atlântica do Mercado de Pinheiros, em São Paulo.

Fonte: ISA

 


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Pravda.Ru Jornal