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PCP apresenta proposta para diversificar fontes de financiamento da Segurança Social

PCP apresenta proposta para diversificar fontes de financiamento da Segurança Social

Conferência de imprensa, João Oliveira, Presidente do grupo parlamentar, Lisboa

27 Maio 2015

Senhoras e senhores jornalistas,

O PCP apresenta hoje na Assembleia da República uma proposta para a diversificação e ampliação das fontes de financiamento do regime previdencial dos trabalhadores tendo por base a introdução de um mecanismo de financiamento da Segurança Social pelas empresas a partir do Valor Acrescentado Líquido.

Sabemos que é grande a apreensão dos reformados e pensionistas, trabalhadores, desempregados ou pessoas em situação de pobreza quanto ao futuro das suas pensões, à evolução da idade da reforma, ao subsídio de desemprego ou às prestações sociais em caso de pobreza.

E sabemos também que essa apreensão resulta das medidas tomadas pelo actual governo PSD/CDS, e também por anteriores governos PS, que cortaram reformas, pensões, subsídios de desemprego, abonos de família e outras prestações sociais, sempre em nome da sustentabilidade da Segurança Social e com o argumento de ditas "reformas estruturais" que tem servido (e continua a servir) de pretexto para sucessivos cortes.

O que o PCP faz com a apresentação desta proposta é confirmar que é possível uma outra política social e de financiamento da Segurança Social.

À eternização da política de cortes nos direitos dos trabalhadores e reformados contrapomos uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, de garantia de protecção social aos desempregados, de elevação das condições de vida dos reformados e pensionistas, de efectivo combate à pobreza.

À política de fragilização das fontes de financiamento do regime previdencial e do regime não contributivo, que objectivamente visa o desmantelamento do Sistema Público de Segurança Social da Segurança Social e sua privatização, contrapomos uma política de diversificação e ampliação das fontes de financiamento que contribua para a sustentabilidade da Segurança Social e que, a par de um rigoroso controlo da utilização dos seus recursos financeiros, garanta a existência de financiamento adequado e suficiente para concretizar uma política social alternativa, preservando o carácter público, universal e solidário da Segurança Social.

A proposta que o Grupo Parlamentar do PCP hoje apresenta não será a única dirigida à questão da obtenção de receitas pela Segurança Social mas assume uma importância destacada.

O que o PCP propõe é a amplificação das fontes de financiamento da Segurança Social, introduzindo uma contribuição complementar para as empresas que têm mais lucros mas que contribuem pouco para a Segurança Social, tendo em conta a riqueza reflectida no Valor Acrescentado Líquido, considerando os seguintes aspectos:

Mantém-se o atual sistema contributivo com base na taxa social única sobre as remunerações a par com uma taxa de 10,5% sobre o VAL de cada empresa contribuinte, a calcular no final de cada exercício a partir dos dados constantes da declaração anual de rendimentos em IRC;
O produto desta taxa sobre o VAL será comparado com o somatório dos valores pagos mensalmente pela entidade empregadora calculada com base nas remunerações pagas, ou seja, da forma como é actualmente calculada a contribuição das empresas. Se o valor obtido com base em 10,5% do VAL for superior às contribuições liquidadas durante o ano a partir das remunerações dos trabalhadores, a empresa em causa entregará a diferença ao Sistema de Segurança Social até ao final do primeiro semestre do ano seguinte àquele a que respeitam as contribuições; caso contrário, o montante a pagar pela empresa será o calculado com base nas remunerações e pago mensalmente;
Este regime só é aplicável às empresas que no exercício anterior ao da aplicação do novo regime tenham apresentado um volume total de proveitos superior a €500.000,00 considerando que é este o valor determinado para as empresas obrigadas a apresentar mensalmente as declarações de IVA (deixando de fora as pequenas e médias empresas).

Esta proposta insere-se num conjunto mais alargado de propostas que o PCP tem vindo a apresentar para uma política social que corresponda às necessidades dos trabalhadores, à melhoria das suas condições de vida e ao desenvolvimento do país.

Reafirmamos a necessidade de repercutir a riqueza criada no financiamento da segurança social através do combate à acentuada perda de receitas que lhe são devidas e que resultam das contribuições dos trabalhadores, ao alargamento da responsabilidade das entidades patronais para com o financiamento da segurança social, eliminando desigualdades entre empresas nesse financiamento, a necessidade de combate ao elevado volume de divida à segurança social (que aumentou entre 2010 e 2013 de 5. 963 milhões de euros para 9.920 milhões de euros, ou seja, um crescimento de 3. 957 milhões de euros (66,4%). Igualmente é necessário por fim à proliferação de isenções e reduções ao pagamento da Taxa Social Única usando-a como moeda de troca para o aumento do salário mínimo nacional.

Não ignorando que as questões da Segurança Social devem ser discutidas num quadro mais alargado e que a criação de emprego, o aumento geral dos salários, o combate à evasão contributiva, o fim de isenções e perdões são elementos decisivos para assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, o que o PCP procura com a apresentação desta proposta é dar um contributo concreto para que essa discussão seja feita em função de objectivos de justiça social e desenvolvimento do país e não debaixo da permanente ameaça de novos cortes nos direitos dos trabalhadores, dos reformados, do povo.

 

http://www.pcp.pt/node/287740

 


Author`s name
Ksenia Semenova