Pesquisa brasileira cria opção de baixo custo e altíssima precisão para descontaminação de águas.
Iniciativada pela química e pesquisadora brasileira, Milena Boniolo, quando ainda trabalhava no IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Universidade de São Paulo, há cinco anos atrás, a pesquisa partiu do uso de uma fonte de matéria-prima abundante e ainda muito desprezada no Brasil: a casca da banana.
Segundo Milena, funciona assim: a superfície da casca da banana é riquíssima em moléculas com carga elétrica negativa, enquanto os metais tem carga elétrica positiva; quando se encontram, essas moléculas se atraem e se depositam no fundo da água, proporcionando uma descontaminação de até 90%, podendo chegar à totalidade, se o processo for reincidido várias vezes.
Para preparar o composto, a casca da banana é desidratada e triturada até virar farinha. Depois, peneirada até que o produto final seja um pó bem fino. Mistura-se então à água contaminada e a natureza química encarrega-se de providenciar que moléculas negativas e positivas adiram umas às outras, promovendo a repotabilização desse líquido precioso e com risco de escassez.
A ideia simples e barata é voltada para a descontaminação de efluentes industriais que contaminam rios, oceanos e reservas subterrâneas de água. E, um dado altamente interessante: mesmo os metais pesados, como chumbo, cobre e níquel e, mais ainda, metais radioativos, como o urânio, são neutralizados pela ação negativo-molecular da casca da banana. Isso implica em um enorme descomprometimento ambiental e à saúde humana, o que trará melhorias sensíveis aos níveis de garantias bioexistenciais essenciais.
Mas, os benefícios do emprego do pó da casca da banana se estendem ainda às águas comprometidas por outros contaminantes, como peticidas de alta toxidade - atrazina e ametrina, que são empregados como agrotóxicos. O poder de descontaminar essas águas a custo zero é estudado pela pesquisadora Claudineia Silva, que lidera uma equipe vinculada ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENA, da USP, em Piracicaba, estado de São Paulo.
Misturado com a água e agitado por 40 minutos, a biomassa absorveu 90% da quantidade total dos pesticidas, levando os pesquisadores a um grau de satisfação bem elevado, motivando-os a melhorarem o processo no sentido de tentar-se atingir 100% de níveis de purificação.
Denison Cougo
Pravda.Ru