O embuste do "Parque Natural Regional" do Vale do Tua
O Partido Ecologista "Os Verdes" considera que a criação do "Parque Natural Regional" do Vale do Tua é uma gigantesca operação de cosmética que visa camuflar o crime ambiental e patrimonial que a Barragem de Foz Tua constitui e os profundos danos que esta trás para o desenvolvimento desta região e desvirtua os propósitos deste estatuto de classificação que visam promover a conservação, proteção e valorização da natureza, da biodiversidade e do património, numa relação harmoniosa com o desenvolvimento.
Atribuir o estatuto de "Parque Natural Regional" à Barragem e à sua albufeira, sobre os destroços do seu ex-líbris, o próprio Vale e o rio Tua encaixado entre as suas impressionantes fragas, rico em biodiversidade e com uma margem bordada pela linha férrea, joia da coroa do património ferroviário nacional, só pode ser entendido como uma afronta a todos os que pugnam pela preservação e conservação dos valores naturais e culturais e que acreditam no contributo que os instrumentos de classificação podem dar para o cumprimento desta missão. A criação deste "Parque Natural" é um uso abusivo e inadmissível dos instrumentos de classificação previstos na Lei e uma descredibilização total das entidades que dão cobertura a esta decisão, nomeadamente os organismos competentes do Ministério do Ambiente.
O descrédito em torno das razões e dos objetivos que levaram à criação deste "Parque Natural Regional" é tanto maior quando o próprio responsável pela Agência do Vale do Tua, José Silvano, já veio a público afirmar que este "Parque Natural" não será submetido às "regras ambientais" dos outros Parques Naturais, deixando bem claro que estamos perante um mero rótulo com fim políticos e económicos e perante mais uma tentativa de iludir a UNESCO e não perante uma vontade de conservação, caso ainda haja algo para preservar.
"Os Verdes" estão também muito preocupados com outras consequências que advirão, para as populações e para a região, da constituição deste "Parque Natural Regional" e que decorrem do facto da Agência do Vale do Tua, da qual a EDP é uma componente fundamental, através do novo regime de gestão das áreas protegidas e da Lei da Água, passar a ter um controlo determinante em toda a área de influência da albufeira, tanto a nível do leito, como das margens, não só em termos territoriais como a nível das outras atividades, nomeadamente as económicas. Fica a região e a sua população reféns da EDP, empresa privada com grande parte do capital estrangeiro.
Para "Os Verdes" não existem dúvidas: os Parques Naturais, sejam eles nacionais ou regionais, são figuras que foram criadas para classificar e proteger ecossistemas ricos, diversificados, únicos e autênticos onde os homens e a natureza vivem em harmonia. As áreas criadas pelas albufeiras não entram nestes critérios, são áreas artificiais, pobres em biodiversidade onde muitas vezes predominam as espécies exóticas e de paisagens uniformes iguais a muitas outras no país. Esta classificação, tal como o assumimos logo que a EDP propôs a sua criação em 2010, primeiro numa versão Tua mais Sabor, agora só Tua, altera os próprios conceitos de zonas que merecem ser classificadas. A EDP e as forças políticas (PSD/PS) que encabeçam os municípios envolvidos servem-se destes conceitos para fins próprios, nomeadamente para fins eleitoralistas em períodos de eleições autárquicas, e não para os fins de conservação da natureza e promoção de um desenvolvimento sustentável para os quais eles foram criados.
"Os Verdes" continuam empenhados em defender o Vale e a Linha do Tua e o Alto Douro Vinhateiro, a sua biodiversidade e as paisagens que a natureza e o homem demoraram séculos a desenhar, e a qualidade de vida das suas populações.
Partido Ecologista "Os Verdes"