Das 283 escolas públicas que oferecem ensino do 1º ao 5º ano avaliadas pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Grande ABC, 35% já atingiram ou superaram a meta nacional projetada para a próxima década.
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
De acordo com os dados divulgados na terça-feira pelo MEC (Ministério da Educação), 99 unidades de ensino da região, entre municipais e estaduais, tiveram nota igual ou maior que 6, índice esperado para 2021 e comparado ao de escolas básicas da Europa.
Entre as sete cidades, o destaque positivo fica por conta de São Caetano, onde 75% das escolas que passaram pela avaliação igualaram ou superaram a média 6. Em Ribeirão Pires, o número chegou a 48% e em São Bernardo, 42,2%. Já em Rio Grande da Serra, nenhuma unidade de ensino conseguiu alcançar o índice.
Quando o assunto é o segundo ciclo do Ensino Fundamental - 6º ao 9º ano - a realidade é bem diferente. Entre as 246 instituições avaliadas, apenas 5,7% tiveram nota igual ou melhor do que 5,5, que corresponde à meta do País para 2021 nesta faixa de ensino. Neste caso, foram apenas 14 escolas, sendo quatro em São Caetano, duas em Ribeirão Pires, uma em Santo André, uma em Rio Grande da Serra, três em São Bernardo e três em Mauá.
A diferença entre os dois ciclos de aprendizagem não é novidade, mas escancara a necessidade de investimento para que haja melhoria nos índices educacionais e equilíbrio entre a qualidade de ensino nas escolas, avalia a doutora em Educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Maria Márcia Sigrist Malavasi. "Observamos melhora relativa nos índices do Ideb, tendo em vista que avançamos pouco de um ano para outro", considera. Na visão da coordenadora do curso de Pedagogia da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Maria Estela Graciani, os problemas da Educação são evidenciados no segundo ciclo do Ensino Fundamental porque é onde as dificuldades de aprendizado se acentuam. "Se não se aprende suficientemente na base, não há preparo para passar pelas demais etapas", observa. A principal falha identificada, segundo Maria Estela, é que o projeto pedagógico no primeiro ciclo não tem objetivo de preparar as crianças para adentrarem ao níveis do 6º ao 9º ano.
Para a especialista da Unicamp, é preciso considerar ainda que as condições socioeconômicas dos alunos - fator que influencia no aprendizado - não melhoraram e a escola sozinha não é capaz de resolver este problema. Com isso, a tendência é não haver evolução das médias no próximo Ideb, programado para ser divulgado em 2013.
INVESTIMENTO
As profissionais são unânimes em afirmar que a melhoria da Educação esbarra na falta de investimento. EM
A implementação de políticas públicas corajosas é, de acordo com Maria Márcia, a solução para a evolução da Educação no País. A educadora defende a reestruturação da rede, com instalação do ensino em período integral. "Precisamos do dobro de escolas e professores, além de opções culturais, esportivas, bibliotecas, profissionais preparados e com bons salários, além de recursos pedagógicos", destaca.
Para que haja resultado, os avanços precisam ser conjuntos, comenta Maria Márcia. "Atender apenas um dos fatores não resolve o problema", avisa. Já a coordenadora do curso de Pedagogia da PUC acredita que os educadores precisam de formação contemporânea, o que acarreta na revisão dos cursos para docentes do País.
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