Bolívia: Pacto de Unidade

O Pacto de Unidade declara-se em emergência na Bolívia para defender o MAS

AbrilAbril

23 DE JULHO DE 2020

O Pacto, que integra várias organizações sociais, diz estar em «emergência» face à situação do MAS, cuja candidatura às eleições gerais foi denunciada pela direita ao Supremo Tribunal Eleitoral.

Representantes do Pacto anunciaram que irão ao Tribunal Constitucional Plurinacional para recorrer do pedido apresentado ao Supremo Tribunal Eleitoral (STE), que procura deixar de fora da corrida eleitoral o candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce.

De acordo com a Kawsachun News, o STE recebeu um pedido formal, no passado dia 20, da Creemos, a aliança por trás da candidatura de Luis Camacho, elemento da extrema-direita boliviana que teve um papel destacado no golpe de Estado de Novembro de 2019, que levaria à renúncia do presidente legítimo, Evo Morales.

A direita, que apoia o governo golpista liderado pela autoproclamada Jeanine Áñez, reclama a desqualificação do MAS e da candidatura de Luis Arce com o pretexto de que revelou resultados de uma sondagem de opinião numa entrevista televisiva, apesar de a campanha eleitoral ainda não ter começado.

No entanto, o MAS nega as acusações e afirma que o seu candidato não cometeu qualquer violação das normais eleitorais, tendo apenas apresentado dados gerais sobre a campanha e não sobre sondagem alguma.

 

Queixa contra o MAS feita ao STE pela aliança Creemos, de Camacho / Kawsachun News

O Pacto classificou o pedido de inabilitação como «manobra política» da direita, sublinhando que é um pretexto para suspender as eleições convocadas para 6 de Setembro, nas quais, de acordo com as sondagens, o candidato à presidência da Bolívia pelo MAS aparece como claro favorito.

Alguns destes estudos indicam inclusive que o ex-ministro da Economia e Finanças de Evo Morales é o vencedor logo à primeira volta, alcançando 40% dos votos válidos e uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre rival mais próximo.

«Pedimos ao STE que aja de acordo com a lei e a legitimidade, porque queremos ter um governo constitucional», disse à imprensa Henry Nina, executivo da Confederação das Comunidades Interculturais.

Evo Morales: adiar as eleições agravará a situação na Bolívia

Adiar a data das eleições, como quer a direita, não vai solucionar a catástrofe que Bolívia vive, escreveu o ex-presidente na sua conta de Twitter, tendo pedido que seja votado quanto antes um novo executivo legítimo para enfrentar a crise sanitária e económica, e salvar vidas.

Numa outra mensagem, Evo Morales acusou o governo golpista de usar «a pandemia para fazer negócios» e de estar mais preocupado com a perseguição e a guerra suja ao MAS do que em impedir o desabastecimento das farmácias.

Morales, que se encontra em Buenos Aires com o estatuto de refugiado político, criticou a gestão de Jeanine Áñez face à Covid-19.

Vários políticos da direita defendem que as eleições de 6 de Setembro devem ser adiadas devido à situação provocada pela pandemia. No entanto, o MAS entende que a preocupação não é «sanitária» e que a direita quer prolongar a permanência de Áñez no poder, evitando o regresso do MAS ao poder - seja como for.

 

Foto: População de El Alto com a wiphala, a bandeira índigena, que, com Evo Morales no poder, se tornou co-oficial, em 2008 Créditos/ pagina12.com.ar

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