Berlim - a última Berlinale de Dieter Kosslick

Berlim - a última Berlinale de Dieter Kosslick

Quando for projetado o primeiro filme do Festival Internacional de Cinema de Berlim, na quinta-feira, dia 7, um senhor irônico nascido na região de Munique, provocador, ativo e trabalhador, como costummam ser os alemães, começará a contagem regressiva dos seus últimos dez dias de reinado no mundo do cinema.

Dieter Kosslick tinha 53 anos, quando deixou Hamburgo para assumir, em 2001, a direção da Berlinale, como é chamado em alemão o terceiro maior festival de cinema do mundo. Com quase 70 anos Kosslick se aposenta com três anos a mais da idade máxima legal na Alemanha. São, portanto, 17 anos de Berlinale, e coincidentemente de vegetarismo, pois deixou de comer carne na mesma época em que se mudou para Berlim.

Porque, e poucos sabem, o diretor da Berlinale tem uma grande preocupação com a boa alimentação longe dos produtos industrializados, tanto que criou uma mostra paralela de filmes ligados à culinária.

Entretanto, a força da Berlinale provém do fato de ser um Festival engajado e suas seleções de filmes e seus premios mostram sua preocupação com os temas da atualidade. Imigração, racismo, gênero, homofobia, liberdade de expressão, laicidade, denúncia do totalistarismo e ditaduras são temas sempre abordados.
 
Essa abertura crítica é antiga e provocou a suspensão do festival em 1970, dois dias antes da distribuição dos prêmios, como ocorrera, em 1968, com o Festival de Cannes. A causa foi o filme alemão de Michael Verhoeven, O.K., mostrando a violação e morte de uma jovem vietnamita por soldados norteamericanos, durante a Guerra do Vietnã.

Berlim foi o primeiro festival a premiar uma negra como melhor atriz, Halle Berry, em 2001, premiada, no ano seguinte, com o Oscar pela interpretação em Monsters Ball. E foi Berlim também o primeiro a premiar uma negra africana melhor atriz, Rachel Mwanza, menina de rua congolesa, no filme Rebelde 

Este ano, a Berlinale mostra o filme Marighela, líder revolucionário brasileiro na época da Ditadura Militar, numa provocação ao presidente brasileiro de extrema direita. O regime iraniano também tem sido criticado nos filmes do cineasta iraniano Jafar Panahi, assim como o fundamentalismo católico polonês.

A próxima Berlinale, a 70a., terá dois diretores: será dirigida pelo italiano Carlo Chatrian, ex-diretor do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, considerado o quarto no ranking dos festivais, e a holandesa Mariette Rissembeek, ex;diretora de German Films. Chatrian será o diretor artístico e Rissembeek, diretora - executiva.

Rui Martins, de Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.

 


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Pravda.Ru Jornal