Camaradas dos Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação.
"Não deixemos que a incerteza que alguns buscam gerar nesta conjuntura nos paralisem ou nos dispersem, há que seguir adiante; tampouco nos deixemos meter temores, enquanto tenhamos a consciência tranquila, com a força que nos dá a autoridade moral e ética de nosso atuar, seremos capazes de passar por cima de qualquer montagem" Escrito por Rodrigo Londoño - Timo
21 de abril de 2018
Camaradas dos Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação:
Calorosa e fraternal saudação.
Elaboro esta nota quando ainda escuto os ecos dos aplausos da recente reunião nacional dos ETCR. Por motivos de saúde não pude estar no encontro, porém assisti, sim, ao seu encerramento e sinceramente para mim foi um aliciente muito grande ver ali juntos os representantes de todos os ETCR discutindo com espírito comunista, propondo e entre todos buscando saídas às encruzilhadas da reincorporação.
Já comecei a ler os informes da reunião e me chama a atenção o tom autocrítico e construtivo da maioria das intervenções. Nada de lamentações ou choradeiras. Ninguém desconhece as situações críticas que temos na maioria dos espaços, é frente a essas situações em que aparece o espírito do guerreiro fariano forjado no calor de mais de 50 anos de luta.
É muito importante recolher e impulsar todas as iniciativas e experiências ali apresentadas para manter a coesão e a unidade, independentemente do espaço geográfico em que esteja cada um dos integrantes dos ETCR.
Desafortunadamente estamos vivendo uma conjuntura muito complexa que temos todos que assumir com muito cuidado, com análise serena, sem paixões, com muita objetividade, partindo sempre do interesse fundamental de cada um de nós: o partido, acima de quaisquer sentimentos, de qualquer interesse particular etc.
Nosso principal patrimônio ao longo da luta revolucionária é nossa autoridade moral e ética conquistada no calor da luta diária, fruto de nossa consequência entre o que dizemos e o que fazemos.
E, no caso concreto do processo de Paz, o que todo mundo tem reconhecido é nosso cumprimento da palavra empenhada. A comunidade internacional e até inimigos acérrimos em Colômbia tiveram que reconhecer que temos cumprido ao pé da letra o acordado.
Esse é o principal patrimônio que devemos cuidar como a menina dos olhos. É o que nos dá a força e a autoridade para concitar e buscar o apoio em prol de obrigar o Estado a cumprir sua parte.
Esse é o esteio fundamental, por isso o adversário busca, de todas as maneiras possíveis, perfurá-lo, esburacá-lo, isto é, de destruí-lo. Essa é a situação que estamos vivendo neste momento e frente à qual devemos cerrar fileiras. E é o chamado que quero fazer.
Nosso dever principal é manter incólume a autoridade moral e ética do partido, da Força Alternativa Revolucionária do Comum.
Aproveito para fazer um chamado a que mantenhamos nossa conduta no marco de nossos documentos e orientações. Se entende que temos muitas necessidades, que os mecanismos estabelecidos marcham demasiado lentos em função de resolver as necessidades, porém nem por isso nós devemos deixar esquentar os ouvidos dos que nos vêm a pintar passarinhos de ouro, soluções extra rápidas, etc., muitas das vezes são provocações para nos prejudicar.
Igual que na guerra que haviam uns canais, agora na construção da paz igualmente. Não nos deixemos arrancar desses canais, depois lamentamos as consequências, que ao final afetam é ao partido.
No momento em que firmamos o acordo aceitamos a constituição e as leis e é nosso dever atuar ajustados a elas. Quem não o faça deve se ater às consequências e aí dificilmente se pode pedir solidariedade ao partido.
Finalmente faço um chamado à tranquilidade, não deixemos que a incerteza que alguns buscam gerar nesta conjuntura nos paralisem ou nos dispersem, há que seguir adiante, tampouco nos deixemos meter temores; enquanto tenhamos a consciência tranquila, com a força que nos dá a autoridade moral e ética de nosso atuar, seremos capazes de passar por cima de qualquer montagem.
Um forte abraço, êxitos e sorte,
TIMO
Tradução > Joaquim Lisboa Neto