Hutis continuam a frustrar movimentações sauditas
Ali Abdullah Saleh «alinhou-se abertamente com os inimigos» do Iémen e foi morto, na segunda-feira, pelos Hutis, de quem fora aliado na resistência à agressão externa. Ontem, milhares de pessoas defenderam a unidade nacional em Saná e os sauditas intensificaram os bombardeamentos.
Líder do Congresso Geral do Povo (CGP) e antigo presidente do Iémen, Saleh foi morto quando, alegadamente, tentava fugir para os Emirados Árabes Unidos, depois de ter rompido a aliança até agora mantida com o movimento huti Ansarullah, que combateu nas ruas de Saná.
Abdul-Malik al-Huti, líder do movimento Ansarullah, disse que as suas forças tinham conseguido dominar a ameaça colocada à segurança do país pela conspiração lançada por Saleh e as suas milícias, que, para surpresa dos hutis, «se alinharam abertamente com os inimigos do Iémen», refere a Al-Manar.
Tendo conseguido pôr fim à intentona no seio das forças da resistência, que se centrou sobretudo em Saná, Al-Huti sublinhou a coordenação existente entre as forças de Ali Abdullah Saleh e a coligação liderada pela Arábia Saudita, que lhes deu apoio aéreo.
Numa declaração ao país, o dirigente do movimento Ansarullah referiu-se ao «fracasso dos esforços realizados pela Arábia Saudita e os seus aliados, incluindo os EUA e o Reino Unido», e salientou que a traição de Saleh representou a «continuação da guerra lançada pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos contra o Iémen».
Deu especial ênfase ao facto de o movimento Ansarullah não permitir retaliações contra os membros do CGP, que Saleh liderava e cujos membros Al-Huti classificou como «irmãos», num apelo à unidade nacional.
Sauditas intensificam bombardeamentos
Depois de Ali Abdullah Saleh ser morto, a coligação liderada pelos sauditas intensificou os ataques aéreos sobre a capital do país, Saná, sobretudo posições da resistência Huti, e sobre várias províncias do Norte do país, pese embora os apelos ao cessar-fogo por questões humanitárias, divulgou a televisão Al-Masirah.
Não se deixando intimidar pela agressão estrangeira que há quase três anos destrói o país e estando a sofrer «a pior crise humanitária do mundo», de acordo com a ONU, ontem à tarde dezenas de milhares de iemenitas voltaram a manifestar-se na capital do país contra a guerra liderada pelos sauditas e em defesa da unidade nacional.
«Riade procurou usar Saleh para se salvar a si mesma»
Em declarações à PressTV, Omar Nashabi, editor do jornal Al-Akhbar, disse ser seu entendimento que a Arábia Saudita procurou usar Saleh para «sair do lodaçal em que está metida».
As coisas correram-lhes mal, com o movimento Ansarullah a conseguir frustrar a «conspiração». No entanto, Nashabi prevê que, nas próximas semanas, a coligação saudita intensifique os ataques, o que é contrário à necessidade de «pôr fim à agressão militar quanto antes» e encontrar uma solução política entre os iemenitas.
Por seu lado, Nabil Mikhail, professor da Universidade George Washington, alertou para a possibilidade de um maior envolvimento do Egipto no conflito, tendo em conta a sua proximidade a Saleh.
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