O secretário-geral do PCP afirmou a determinação do partido em prosseguir a intervenção «para responder aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo», na apresentação das conclusões da reunião do Comité Central desta terça-feira.
Jerónimo de Sousa afirmou, ontem ao final da tarde, que o PCP se vai bater pelo aumento do salário mínimo nacional para 600 euros em Janeiro de 2018 e pelo aumento das pensões e reformas, numa declaração em que também transmitiu a avaliação dos comunistas face às eleições autárquicas de domingo passado, num dia em que o Comité Central do PCP esteve reunido, em Lisboa.
O PCP quer ainda que estejam presentes no Orçamento do Estado para 2018 «a melhoria da protecção social no desemprego, o aumento do investimento público - saúde, educação, transportes, infraestruturas, ciência, floresta, cultura - dinamizando a actividade económica e a resposta a graves carências, a justa tributação do grande capital e alívio das camadas da população com mais baixos rendimentos, a revogação das normas mais gravosas da legislação laboral».
O secretário-geral do PCP lembrou ainda o papel do partido no actual quadro político e os contributos que vem dando para o caminho de recuperação de direitos e rendimentos. No entanto, «o PCP sublinha a necessidade de se ir mais longe na resposta aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do povo português», acrescentou.
Enfrentar os défices estruturais e as imposições
Para os comunistas, a política alternativa necessária exige ultrapassar «a submissão às imposições externas e aos interesses do grande capital». Jerónimo de Sousa elencou os défices estruturais do País, «produtivo, energético, científico, alimentar, demográfico», e sublinhou que estes colocam Portugal «particularmente exposto a desenvolvimentos negativos no plano internacional», sem que sejam enfrentados «os constrangimentos a que está sujeito: uma dívida insustentável, a submissão ao Euro e aos grupos monopolistas».
Para isso, o órgão dirigente dos comunistas portugueses «considera indispensável que os trabalhadores e as massas populares assumam a defesa dos seus interesses face a linhas de ofensiva em curso pelo capital e intensifiquem a luta que é necessária para levar mais longe a defesa, reposição e conquista de direitos».
Eleitos da CDU são «garantia segura de intervenção» pelas populações
Na avaliação das eleições para as autarquias locais, o Comité Central do PCP sinalizou a manutenção da «CDU como a grande força de esquerda no Poder Local», «sem prejuízo de recuos e perdas, em particular dez presidências de câmaras», e assegurou aos eleitores que confiaram na coligação do PCP e do PEV, que «terão uma garantia segura de intervenção dedicada para dar resposta às suas aspirações», seja nos órgãos em que é maioria, seja nas posições minoritárias.
«Ficam evidentes nestes resultados que as muitas pessoas que durante este período nos dirigiram palavras de reconhecimento pelo papel decisivo do PCP na derrota do governo PSD e do CDS-PP ainda não ganharam a consciência de que as possibilidades de ir mais longe e seguir em frente seriam sobretudo asseguradas com o reforço da CDU e não do PS», acrescentou o secretário-geral do PCP.
Jerónimo de Sousa assinalou ainda «a transformação de eleições locais em eleições de natureza nacional» como factor que contribuiu para o resultado eleitoral, assim como «o quadro de hostilização que acompanhou a intervenção do PCP e da CDU ao longo dos últimos meses», designadamente «a persistente e continuada desvalorização do papel do PCP na vida política nacional».
«O resultado das eleições autárquicas não reduz a determinação do PCP de continuar a intervir para responder aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo. Não reduz a influência real do PCP, o reconhecimento que milhares e milhares de portugueses fazem do seu papel decisivo na nova fase da vida política nacional e que continuará assumir para, com a dinamização da luta, construir o caminho que garanta o desenvolvimento económico e social do País», concluiu o dirigente comunista.
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