Exército Árabe Sírio preparado para atravessar o Eufrates
Uma fonte militar garantiu que as tropas de elite sírias na província de Deir ez-Zor se preparam para atravessar o rio Eufrates e combater o Daesh na sua margem oriental. Bothaina Shaaban, conselheira do presidente sírio, disse que o EAS combaterá qualquer força ilegítima no país.
Em declarações à Prensa Latina, um comandante do Exército Árabe Sírio (EAS), que pediu para manter o anonimato, disse que as tropas vão atravessar o rio, mesmo que isso implique confrontos com as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), curdas na sua maioria e apoiadas pelos Estados Unidos.
Disse ainda que nem os acordos sobre a segurança aérea com a coligação internacional liderada por Washington, nem nenhuma «linha vermelha» irão travar a execução da decisão de operar na outra margem do rio Eufrates.
De modo a levar a cabo esta importante operação - afirmou - «as pontes flutuantes e tanques anfíbios esperam a ordem para atravessar o rio». O comandante precisou que mais de mil efectivos das forças de elite da Guarda Republicana, da Segurança Militar, da 17.ª Divisão e da Inteligência Aérea se preparam para participar na operação.
O objectivo é, como tem sido reafirmado pelo governo de Damasco, acabar com todos os grupos terroristas, pelo que as operações irão prosseguir em todo o território sírio.
Na cidade de Deir ez-Zor, o EAS e as forças suas aliadas asseguraram, nas últimas horas, o controlo dos bairros de Mreyeih e Hwiyet Mreyeih, após duros combates com as forças do Daesh - o chamado Estado Islâmico.
Ainda relativamente a esta província do Leste do país, o Comando de Operações das Forças Aliadas da Síria declarou o início da terceira fase da «Operação Amanhecer», com a qual se pretende avançar ao longo da fronteira sírio-iraquiana e alcançar a cidade estratégica de Abu Kamal.
Combate a «qualquer força ilegítima»
Numa entrevista à televisão libanesa Al-Manar, na passada sexta-feira, a conselheira de Bashar al-Assad para questões políticas e mediáticas, Bouthaina Shaaban, também deu a entender que as tropas sírias e seus aliados vão avançar em Deir ez-Zor, tendo como propósito libertar o país de «qualquer força agressora».
«Quer sejam as FDS, o Daesh ou qualquer força ilegítima estrangeira no país... vamos combatê-los, para libertar completamente esta terra de qualquer agressor», disse, citada pela PressTV.
Acrescentou que as FDS, apoiadas pelos EUA, conseguiram capturar áreas no Nordeste da Síria «sem qualquer combate», o que dá a entender a existência de uma cooperação profunda entre os terroristas do Daesh e as FDS no que respeita às zonas ricas em petróleo. «Mas não vão ficar com o que querem», frisou a representante do governo de Damasco.
Rússia nega bombardeamento sobre FDS
Num comunicado emitido hoje, o Ministério russo da Defesa nega as acusações do Pentágono, de acordo com as quais a aviação russa teria atacado posições das FDS no dia anterior. «O comando das tropas russas na Síria revelou aos parceiros americanos os limites da operação militar em Deir ez-Zor, através do canal de comunicação existente», lê-se no texto, citado pela RT.
No sábado, o Pentágono acusou a aviação russa de ter atacado um alvo, a leste do rio Eufrates, onde, «como era do seu conhecimento, estavam elementos das FDS e conselheiros da coligação internacional». «Estavam no local tropas da coligação internacional que prestam aconselhamento e assistência às FDS, mas não ficaram feridas na sequência do ataque», revelou o Pentágono em comunicado, assumindo que as suas tropas estão no terreno, ao lado das chamadas Forças Democráticas Sírias.
No passado dia 9, estas lançaram a operação «Tempestade Jazirah», em direcção a Deir ez-Zor, depois de o EAS e seus aliados terem quebrado, a 5 de Setembro, o cerco de quase três anos imposto à cidade pelo Daesh.
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