A MUD expressou o seu apoio às sanções económicas impostas pela Casa Branca contra a Venezuela e exortou outros países e investidores a não «realizar operações financeiras» com o país. O governo venezuelano criticou a atitude «anti-patriótica» e «abertamente servil» da oposição.
Num comunicado emitido este domingo, a chamada Mesa da Unidade Democrática (MUD) manifestou-se a favor do «ataque económico» à Venezuela corporizado no decreto firmado dois dias antes pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com o decreto, «qualquer pessoa, entidade, empresa ou associação, legalmente radicada ou que realize actividades nos Estados Unidos» fica proibida de «efectuar negócios com novos títulos de dívida que sejam emitidos por qualquer instância do governo venezuelano, a saber, acções da República emitidas pelo Banco Central venezuelano ou a empresa petrolífera do Estado, Pdvsa», explica o portal Misión Verdad, citado pela TeleSur.
Para além do apoio expresso à iniciativa de Washington, a MUD incita outros países e investidores a «abster-se de realizar operações financeiras ou contratos de interesse nacional com o governo venezuelano».
A atitude «anti-patriótica» da extrema-direita venezuelana mereceu o mais «firme repúdio» da parte do governo do país sul-americano, que, num comunicado divulgado ontem à noite pela AVN, afirma: «Parece impossível acreditar que um sector que faz vida política na República Bolivariana da Venezuela se mostre abertamente servil aos interesses estrangeiros e solicite uma intervenção militar no nosso país.»
«Para a MUD o inimigo é a Venezuela. Sabemos que esta não é uma sanção contra o presidente Nicolás Maduro, é uma sanção contra 30 milhões de venezuelanos e, especialmente, contra os 8 milhões e muitos outros que não puderam sair de suas casas no dia 30 de Julho, que apostaram na resolução dos seus conflitos através da PAZ», lê-se no documento do governo bolivariano, que rejeita categoricamente o comunicado da MUD, «marcado pelo ódio».
Atitude característica
A forma «anti-patriótica» como a oposição do governo de Nicolás Maduro se posicionou face às sanções decretadas por Trump na sexta-feira passada - justificadas com a necessidade de «negar à ditadura de Maduro uma fonte crucial de financiamento para manter o seu regime ilegítimo» - não é inédita, tendo em conta os apelos, reiterados pelos seus dirigentes, de uma intervenção militar estrangeira no país ou as muitas viagens realizadas a Washington e a Miami, para ali solicitar, em conjunto com a comunidade antichavista residente, uma intervenção «mais decidida» do governo norte-americano.
É esta mesma oposição que tem fomentado a desestabilização económica no país e que, nos últimos quatro meses, promoveu acções de violência urbana e terrorista, prometendo lançar o país no caos da ingovernabilidade - a «hora zero» - com o aproximar das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Contudo, a 30 de Julho, os venezuelanos deram uma resposta inequívoca a favor da paz e da soberania.
Julio Borges, dirigente da MUD, num encontro em Maio, na Florida, com o senador norte-americano Marco Rubio, que se tem destacado na acção contra a Venezuela bolivariana Créditos/ Twitter
Assessor de Borges recomendou sanções económicas
Francisco Monaldi, consultor financeiro que trabalhou nas campanhas eleitorais dos oposicionistas Henrique Capriles e Julio Borges, recomendou o bloqueio às importações da petrolífera estatal venezuelana.
A recomendação - uma de várias medidas que a administração norte-americana poderia tomar contra o país caribenho - insere-se no relatório «Venezuela: quais são as sanções norte-americanas mais eficazes?», que Monaldi escreveu conjuntamente com David Mortlock, membro do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca durante a administração Obama, e que foi publicado a 9 de Agosto último pela Atlantic Council, uma plataforma, que, segundo a Misión Verdad, é «financiada pela ExxonMobil e a Chevron Corp, petrolíferas interessadas nos recursos da Faixa do Orinoco e em fragilizar a companhia estatal venezuelana Pdvsa».
Solidariedade com a Venezuela
Num comunicado publicado este sábado, os países-membros da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) rejeitam as sanções impostas à Venezuela pela administração norte-americana, na medida em que «violam os princípios mais básicos do Direito Internacional e não constituem um contributo para solucionar a situação do país, antes a agravando, e afectando a qualidade de vida do povo venezuelano», informa a TeleSur.
Também no sábado, o presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales, afirmou que as novas sanções de Trump «atentam contra os princípios da igualdade soberana e de integração entre os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU)», consagrados na sua Carta Magna.
O presidente boliviano condenou ainda o silêncio cúmplice de Luis Almagro, secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), bem como o de chefes de Estado da região, indica a AVN.
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