Completam-se 25 anos das mobilizações contra a 'Escola de Assassinos' nos EUA

Completam-se 25 anos das mobilizações contra a 'Escola de Assassinos' nos EUA

Movimentos de direitos humanos exigem o fim da Escola das Américas. Foto: Reprodução.

Adital

Milhares de ativistas de direitos humanos, pessoas que sobreviveram à tortura, trabalhadores de sindicatos, veteranos, migrantes, comunidades religiosas, estudantes e simpatizantes de todo o continente estão prontos e prontas para se encontrarem, em Fort Benning, Georgia [Estados Unidos], onde funciona a SOA. Uma coalizão de organizações e ativistas prepara uma conferência internacional de três dias, durante o próximo fim de semana, juntamente com uma vigília e uma procissão, chamando a atenção sobre as injustiças e impunidade estabelecidas pelas políticas estadunidenses.

Os grupos estão exigindo uma mudança e o fim do intervencionismo e da política migratória estadunidense; o fim da controversa Escola das Américas (rebatizada como Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança). Além disso, o fim do Centro de Detenção de Imigrantes de Stewart.

Para conferir o calendário completo dos eventos do fim de semana, de 20 a 22 de novembro, acesse:

O fundador do Observatório pelo Fim da Escola das Américas (SOA Watch, por seu nome em inglês), padre Roy Bourgeois, afirma que, "apesar do estremecimento histórico de violações aos direitos humanos, a Escola das Américas continua operando com o dinheiro dos contribuintes estadunidenses. Se a Escola das Américas fosse fechada, se enviaria uma importante mensagem de respeito aos direitos humanos à América Latina e ao mundo".

Pelo nono ano consecutivo, a mobilização do fim de semana também se focará no Centro de Detenção de Stewart, localizado próximo à SOA, e que, atualmente, tem detidos aproximadamente 1.800 migrantes. Bourgeois assegura que "temos que abordar as causas fundamentais da migração, que, em grande medida, nascem das deploráveis políticas econômicas e militares que os Estados Unidos impõem na América Latina".

A Escola das Américas, hoje chamada de Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, é uma escola estadunidense de treinamento militar, que se encontra em Fort Benning. Em 1996, produziu manchetes pela primeira vez, quando o Pentágono publicou os manuais de treinamento usados na Escola, que promoviam a tortura, a extorsão e a execução. Apesar disso ser admitido, juntamente com as centenas de violações aos direitos humanos vinculadas a soldados formados na Escola, nenhuma investigação independente sobre a instituição foi realizada.

Situado em Lumpkin, Georgia (a 54 minutos de Columbus), o Centro de Detenção de Stewart, gerido pela Corrections Corporation of America, tem presos aproximadamente 1.800 homens imigrantes, para que sejam deportados. Sistematicamente, as políticas dos Estados Unidos criaram um fluxo de refugiados procedentes da América Latina, produto da exploração econômica, das intervenções militares, dos golpes de Estado e de outras formas de violência de Estado.

ASOA Watch considera que as políticas punitivas de imigração, a crescente militarização na fronteira, os centros de detenção de imigrantes, com fins de lucro, a "guerra contra as drogas", a "guerra contra o terror" e o treinamento de repressivos policiais e militares na SOA/WHINSEC (em português, Escola das Américas/Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança), contribuem diretamente para alimentar a injustiça social, econômica, política e racial, de um sistema de castas que afeta a milhões na América Latina.

Neste ano, completa-se o 25º aniversário da vigília, que relembra aqueles que foram assassinados pelos graduados da SOA/WHINSEC. A primeira começou em novembro de 1990, relembrando o massacre de 1989, liderado por egressos da Escola das Américas, na Universidade Centro-Americana, em El Salvador, e que acabou com a vida de um jovem de 16 anos de idade, sua mãe, juntamente com seis sacerdotes jesuítas.

Atualmente, a SOA Watch cresceu até converter-se em um movimento de solidariedade contra a militarização, em todo o hemisfério, abordando a militarização no âmbito doméstico e no estrangeiro.

Para obter mais informações sobre a mobilização de 20 a 22 de novembro de 2015, por favor, visite o site 

Atualmente, a Colômbia é o número um em envios de tropas à Escola das Américas e, de acordo com o Informe Anual do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em 2015, na Colômbia, continuou-se registrando violações contra defensores dos direitos humanos, em 2014. Até outubro deste ano, foram registrados 45 assassinatos de defensores de direitos humanos. Entre janeiro e dezembro de 2014, registrou-se a tentativa de assassinato de 18 defensores. Além disso, foi registrado um total de 297 ameaças, de forma individual ou coletiva, entre janeiro e outubro de 2014. Sem contar que continuam na Colômbia assassinatos por "falsos positivos", que já somam milhares, nos últimos anos, à época, atribuídos ao Exército colombiano.Roy Bourgeois - expulso pelo Vaticano por apoiar a ordenação de mulheres sacerdotisas -, que possui sua casa em frente à academia militar, disse sempre que os povos da América Latina não necessitam de treinamento militar dos EUA, que somente causa dor, sofrimento e mortes.

Segundo a Fundação para a Liberdade de Imprensa, de 1º de janeiro a 10 de outubro de 2014, dois jornalistas foram assassinados na Colômbia, 64 receberam ameaças de morte, 45 denunciaram interferências na realização de seu trabalho, seis foram detidos ilegalmente e um informou sobre um atentado contra a sua vida.

O México é outro dos países que continua enviando tropas para a Escola das Américas e onde a situação de direitos humanos é gravíssima. A Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) recebeu 8.150 denúncias, entre 2006 e 2013, de abusos cometidos por membros do Exército contra a população. Oficialmente, se fala na existência de 22.610 pessoas desaparecidas. Entre elas, o caso dos estudantes de Ayotzinapa, que foram detidos e estão na condição de desaparecidos desde 26 de setembro de 2014.

Para além dessas cifras oficiais, estimam-se em 150 mil as pessoas assassinadas e desaparecidas.

Que países seguem enviando tropas?

Colômbia, Chile, Peru, Brasil, Uruguai, Panamá, México, Honduras, El Salvador, Guatemala, Paraguai, Costa Rica, República Dominicana, entre outros.

Que países NÃO seguem enviando tropas?

Venezuela, Argentina, Nicarágua, Bolívia e Equador.

São familiares estes nomes? Eles foram preparados na Escola das Américas:

Rafael Videla (Argentina) - Hugo Banzer (Bolívia) - Manuel Contreras (Chile) - Efraín Ríos Montt (Guatemala) - Romeo Vásquez (Honduras) - Jaime Lasprilla (Colômbia) - Manuel Noriega (Panamá) - Roberto d'Aubuisson (El Salvador)

Como apoiar?

Envie cartas às suas autoridades; organize fóruns, panfletos, cartazes, para sensibilizar sua comunidade ou organização; compartilhe esta informação nas redes sociais.

Mais informação em: www.sowlatina.org.

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Pravda.Ru Jornal