Estamos vivendo dias que a República jamais conheceu.
Os três poderes, executivo, legislativo e judiciário, que constitucionalmente deveriam funcionar harmonicamente iguais entre si, estão apartados de tudo, cada um deles pensando em si, com fortes defesas uns contra os outros. O país não vive uma crise econômica, somente. Está instituída a batalha pelo poder.
Com as contas rejeitadas pelo TCU, em decisão unânime e aparada no estudo de quinze auditores concursados, funcionários daquele Tribunal, a presidente Dilma entra em desespero. Sua situação já não é nada confortável, pois tem o apoio de apenas sete por cento do povo brasileiro. É incrivelmente baixa.
Que faz? Procura a toda velocidade ganhar outra vez os votos dos congressistas, que por sua vez também estão afastados da República, como se o legislativo fosse o mais prestigiado dos poderes. Dilma busca apoio no chamado 'baixo clero', parlamentares sem expressão, mas que estão sempre visando ganhos, prestígio e destaque. Ninguém, nem ela mesma, sabe se a manobra dará bons resultados. Mas a necessidade de apoio no caso de ameaça mais grave de impeachment faz com que este fato ganhe mais importância.
O presidente da Câmara dos Deputados encontra-se nos piores apuros, pois foi alvo de investigação do Ministério Público suíço e constatou-se que tinha conta milionária num banco daquele país. O nome do presidente do Senado, Renan Calheiros, já apareceu na operação Lava a Jato. É bom não esquecer que Renan já desistiu de ser senador em tempos passados, para não ser cassado. Hoje isto não é mais possível, a ilícita manobra foi considerada sem efeito.
O judiciário, sempre considerado o mais digno, limpo e intocável poder da República, tem o seu presidente, Ricardo Lewandowski, atacado como sendo petista, e, portanto, parcial. Onde vamos parar, ninguém sabe, basta ver os depoimentos de professores de economia e empresários conhecidos como ótimos, que se encontram na mesma dificuldade do povo, não surgem nomes, metas, diretrizes, para salvar o país que de sexta economia do mundo, em poucos meses foi rebaixado para a décima posição.
Ninguém entende isto, esta é que é a verdade. Não se conhece, em nenhuma outra fase da história política do país, tanta vontade de poder aliada à falta de credibilidade.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor