Para dentro do caldeirão: Tropas Sauditas e dos EAU invadem o Iêmen

Praticamente todos os veículos da imprensa-empresa 'ocidental' passaram batidos, mas nós noticiamos que uma brigada de tropas regulares dos Emirados Árabes Unidos invadiu o Iêmen pelo porto de Aden. Vídeos do Iêmen mostram longas colunas de tanques Leclerc de fabricação francesa e outros modernos equipamentos dos EAU. O porta-voz dos sauditas e dos EAU declarou que apenas levavam equipamento para os iemenitas, mas é mentira. Os tanques serão certamente operados por gente com o necessário e demorado treinamento no uso desses caros veículos high tech, não por calouros recém recrutados nas ruas com poucas semanas de treinamento básico.


Depois de tomar Aden, os militares dos EAU, algumas forças de infantaria iemenita treinadas ao longo dos últimos meses fora do país e alguns grupos separatistas sulistas locais moveram-se para o norte e atacaram a base aérea de Al Anad, controlada pelos houthis e por partes do exército iemenita leal ao ex-presidente Saleh. Depois de poucas rápidas escaramuças, os houthis recuaram e as tropas dos EAU entraram na base. Na sequência, avançaram para o norte, na direção de Taiz.

Mas os militares dos Emirados Árabes Unidos não são a única força que está invadindo o Iêmen.


Mais uma vez sem praticamente qualquer noticiário no 'ocidente', uma brigada saudita invadiu o Iêmen pelo norte e avançou de Sharoah na Arábia Saudita pra o Distrito de AlAbr, e dali para oeste, na direção de Marib:


"Dúzias de tanques, blindados e veículos para transporte de soldados, além de centenas de soldados iemenitas treinados na Arábia Saudita, chegaram ao Iêmen durante a noite", pela passagem de fronteira em Wadia, no norte do país - informou à AFP uma fonte militar do Iêmen.


Avalio, sem fonte confiável, que a unidade saudita tenha o mesmo tamanho, aproximadamente, que a unidade dos EAU. Cada uma consiste de uma brigada mecanizada de 3 mil a 4 mil soldados, com vários batalhões de soldados de infantaria iemenitas recentemente treinados e com mercenários locais integrados à brigada.

O alvo estratégico desse ataque em pinça é a capital Sanaa, atualmente sob controle dos houthis. Provavelmente serão empurrados para o norte, de volta à sua província natal de Sadah.

Para a força invasora, a parte fácil já acabou. Daqui em diante será batalha, literalmente, morro acima. A capital e arredores que os militares sauditas e dos EAU terão de tomar são terreno montanhoso. As estradas são fáceis de fechar naquele espaço confinado e, como os israelenses aprenderam no Líbano em 2006, enormes tanques de combate viram pata choca, não conseguem sair do lugar e podem ser derrotados por pequenas equipes antitanques.

Há também um fator desconhecido que atende pelo nome de AlQaeda na Península Arábica [ing. AQAP], que governa, disfarçada como "Filhos de Hadramaut", aquela província oriental e a cidade-porto de Mukalla. AQAPacaba de manifestar o que pensa da cultura e da religião iemenita, fazendo voar pelos ares uma mesquita local construída há mais de 700 anos.

Há alguns meses, a AQAP recebeu armas da Arábia Saudita para atacar os Houthis, mas a lealdade da AQAP aos sauditas e aos Emirados Árabes Unidos é muito duvidosa. Há relatos confirmados de que a AQAPtomou algumas cidades próximas de Aden, e agora surgiram rumores de que a AQAP tem presença em Aden e quer tomar aquela grande cidade-porto. Os soldados dos Emirados Árabes Unidos permanecerão confortáveis, com uma AQAP incontrolável bem ali, comandando a principal linha de abastecimento deles?

A estação de fronteira de Wadia, que os sauditas usaram para entrar no Iêmen, tampouco é segura. Há cerca de um ano, dois soldados sauditas foram mortos ali, quando alguns tipos da AQAP atacaram, vindos do Iêmen.

Há também forças do Estado Islâmico no Iêmen, e um grupo alinhado com o ISIS na Arábia Saudita reivindicou o atentado suicida de ontem, que matou 17 guardas da segurança saudita em Abha, perto da fronteira com o Iêmen.

Quando se movimentarem pelas montanhas na direção de Sanaa, os soldados que estão invadindo o Iêmen não terão de evitar só as armadilhas e emboscadas preparadas pelos Houthis. Terão também de vigiar atentamente a retaguarda. Será que o "jovem general", como é tratado zombeteiramente o ministro saudita da Defesa, faz alguma ideia do caldeirão em que seus soldados estão entrando? *****

 

7/8/2015, Moon of Alabama

 


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