SÃO PAULO - A corrente de comércio entre Brasil e China cresceu de forma significativa nos últimos 14 anos, aumentando quase 35 vezes, pois passou de US$ 2,31 bilhões em 2000 para US$ 77,9 bilhões em 2014. Esse desempenho fez a China saltar da 12ª posição em 2000 para colocar-se como o principal parceiro comercial do Brasil, colocação que ocupa desde 2009, quando superou os Estados Unidos depois de décadas.
Mauro Lourenço Dias (*)
Esse relacionamento comercial, porém, não é equilibrado como aquele que o Brasil faz com a União Europeia e com os Estados Unidos, mercados que tradicionalmente compram em maior quantidade produtos semimanufaturados e manufaturados, de maior valor agregado, cujas vendas impulsionam a indústria nacional e proporcionam a criação de empregos, estimulando o crescimento da economia e do mercado interno.
Dos dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), observa-se que as exportações brasileiras para a China concentram-se em commodities agrícolas e minerais, que, em 2014, corresponderam a mais de 84% da pauta de exportação para aquele país. Somente dois itens, minério de ferro e soja em grão, representaram mais de 70% do total negociado. Outros produtos de destaque são: petróleo, couros e peles, celulose, óleo de soja em bruto, fumo em folhas, ferro-ligas, catodos de cobre, madeira serrada e ferro fundido.
Em 2014, as exportações do Brasil para a China foram de US$ 40,6 bilhões, registrando-se uma queda de 11,75%, já que em 2013 chegaram a US$ 46 bilhões. Do total de 2014, US$ 34,2 bilhões foram de produtos básicos, enquanto as vendas de semimanufaturados chegaram a US$ 4,6 bilhões que, somados a US$ 1,6 bilhão de manufaturados, deram um resultado de US$ 6,2 bilhões de produtos industrializados.
Em 2013, as vendas de produtos básicos alcançaram US$ 38,9 bilhões, representando igualmente 84% do total. Em semimanufaturados as vendas chegaram a US$ 5,4 bilhões que, somados a US$ 1,5 bilhão de manufaturados, perfizeram um total de US$ 7 bilhões de produtos industrializados.
Já as importações do Brasil em 2014 foram majoritariamente de produtos industrializados: 98%. O Brasil comprou US$ 92,8 milhões de semimanufaturados e US$ 36,5 bilhões de manufaturados, perfazendo US$ 36,6 bilhões de produtos industrializados. No segmento de produtos básicos, o País comprou US$ 672 milhões, o que representou 1,8% das importações. No total, foram US$ 37,340 bilhões de importações, número ligeiramente superior ao de 2013 (US$ 37,303 bilhões), ou seja, 0,10%. Em 2013, o Brasil havia comprado US$ 65,3 milhões em semimanufaturados e US$ 36,3 bilhões em manufaturados, perfazendo US$ 36,4 bilhões de produtos industrializados, ou seja, 97,5% do total. Os restantes 2,5% foram de produtos básicos (US$ 853 milhões).
Como se vê, o Brasil nesse relacionamento comercial entra basicamente como fornecedor de matérias-primas e comprador de produtos industrializados. Para que haja maior equilíbrio, é preciso que o País diversifique mais suas vendas, enviando a China produtos de maior valor agregado, além de atrair indústrias chinesas que possam gerar aqui empregos e também divisas com a exportação do que produzirem. Em contrapartida, a China poderia aumentar o seu investimento na infraestrutura do Brasil, especialmente em ferrovias, setor em que conta com considerável experiência.
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(*) Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br