Moscou, 5 set (Prensa Latina) A chancelaria russa destaca hoje em seu site um relatório elaborado por especialistas em armas químicas baseado em amostras provenientes de Khan al Asal, próximo a Alepo, Síria, onde um ataque químico de opositores matou 26 pessoas.
O ataque com armas proibidas por convenções internacionais ocorreu no último dia 19 de março e provocou lesões em outras 86 pessoas, afirma o texto.
A fonte esclarece que esse informe foi divulgado após os múltiplos vazamentos de materiais no Ocidente, que acusam o o governo do presidente Bashar al-Assad do uso de substâncias tóxicas a fim de justificar uma agressão armada.
O relatório de 100 páginas foi entregue em julho ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com provas de que o míssil disparado em Khan al Asal era de fabricação caseira, similar aos que integrantes da brigada opositora Bashair al Nasr montaram no norte da Síria.
O documento acrescenta que o explosivo utilizado foi o RDX ou hexógeno, que não faz parte dos equipamentos do Exército, e que as amostras recolhidas no local dos fatos continham o gás letal nervoso sarin.
Acrescenta também, além disso, que foram encontrados traços de disopropilfluorofosfato (DFP), substância empregada por países ocidentais como arma química durante a Segunda Guerra Mundial.
O Ministério de Relações Exteriores critica o fato de que aqueles que acusam o governo sírio por tudo centrem sua atenção apenas no ataque contra Guta Oriental no dia 21 de agosto, e não considera os ataques que membros do Exército regular sofreram nos dias 22 e 25 de agosto.
A Chancelaria ressalta que nesses dois dias os militares apreenderam equipamentos nessa zona suburbana e confirmaram rastros recentes de gás sarin.
A nota do Ministério de Assuntos Exteriores conclui com uma expressão de apoio ao anúncio de que os inspetores da ONU regressarão proximamente à Síria para continuar as investigações, e colocarão interesse especial em Khan al Asal.
Simultaneamente aos esforços diplomáticos, uma demonstração da vontade russa de impedir a iminente agressão contra a Síria é o reforço de seu grupo naval operativo no Mediterrâneo, ao qual em meados de setembro se somará o cruzeiro lançador de mísseis Moskva.
Fontes da Marinha informaram que essa fortaleza flutuante chamada pela imprensa especializada como "assassino de porta-aviões" suspendeu ontem uma visita planejada a Cabo Verde e rumou para as águas próximas ao país árabe.
Com sua chegada, o comando operativo de toda a esquadra será transferido do navio anti-submarino "Almirante Panteleyev", onde estavam até o momento para o Moskva.
O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e outros integrantes da liderança russa reiteraram que Moscou não entrará em combate contra ninguém caso se materialize uma agressão contra a Síria.
No entanto, seus esforços políticos e militares demonstram a vontade do Kremlin de evitar um conflito que segundo o politólogo russo Leonid Savin tem como objetivo estratégico impor sobre Moscou e Chine a hegemonia de Washington e seus aliados.
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