O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que estava pronto para considerar opções que garantissem o retorno da Crimeia à Ucrânia por meios não-militares.
Em uma entrevista ao The Financial Times, Zelensky disse que podia entender como todos estavam perplexos com a situação ao redor da península.
"Se alguém nos oferece uma maneira de ajudar a devolver a Crimea por meios não militares, então eu só estarei disposto a isso". Se uma possível solução não prevê que todos os militares russos deixem o território da Crimeia, então não há necessidade de perder tempo com isso", disse Zelensky.
Zelensky também falou sobre possíveis negociações com a Rússia. Em sua opinião, a Rússia vai congelar o conflito. "É uma questão de tempo quando as hostilidades forem retomadas", acrescentou ele.
O porta-voz oficial do Kremlin, Dmitry Peskov, comentando as observações de Zelensky sobre a Crimea, disse que a mídia deturpou a essência de suas declarações.
"A Constituição da Ucrânia estipula que a Crimeia deve ser devolvida à Ucrânia pela força, pela força militar". De fato, a Ucrânia não desistiu disso", disse Peskov. "Tais declarações falam da relutância e incapacidade do lado ucraniano de resolver o problema por métodos não militares", acrescentou ele.
"Para nós, isto é a alienação do território da Federação Russa pela força", concluiu Peskov.
Falando sobre o possível momento do fim do conflito, o vice-ministro da Defesa da Ucrânia Volodymyr Gavrilov admitiu que as hostilidades na Ucrânia poderiam terminar até o final da primavera. Ao mesmo tempo, ele sugeriu que as Forças Armadas da Ucrânia voltariam à Crimeia até o final do ano.
De acordo com Gavrilov, as negociações entre Kyiv e Moscou só poderão ocorrer depois que as tropas russas deixarem tanto a Crimeia quanto Donbass.
O analista militar Sameed Basha disse que Zelensky não estava sendo realista com suas exigências.
As exigências de Zelensky certamente têm mérito, mas são desprovidas de realismo. Nenhuma delas será aceita por Putin, que anexou triunfantemente quatro territórios, dos quais dois, Donestk e Luhansk, são de língua russa e têm sido controlados por separatistas apoiados por Moscou desde 2014. Seria do interesse da Ucrânia retirar sua reivindicação a esses territórios, em prol de uma paz duradoura. Em vez disso, derrotar a Rússia e humilhar Putin causaria danos mais significativos; como declarou o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, "poderia piorar a estabilidade da Europa a longo prazo", escreveu Sameed Basha em um artigo para o jornal South China Morning Post.