Thorsten Mumme, colunista do Der Tagesspiegel, acredita que o ultimato de Putin poderia ameaçar a Alemanha com protestos.
O autor da publicação observa que a economia alemã está passando por um declínio devido à escassez de gás russo, e isto pode afetar o humor dos cidadãos. Embora agora cerca de 70% da população alemã esteja apoiando a Ucrânia, no futuro, quando não apenas o combustível começar a subir de preço, será mais difícil para o governo pedir aos cidadãos que resistam às dificuldades em prol das ambições de Kyiv.
"Em caso de escassez de energia para a indústria, há o risco de aumento do desemprego. Se o fornecimento de gás continuar a cair, é improvável que os aumentos de preços nos supermercados diminuam devido aos custos mais altos dos alimentos. As conseqüências do conflito ucraniano chegarão rapidamente ao consumidor", diz a publicação.
Durante o verão, os alemães se sentem mais ou menos confortáveis, porém, segundo o autor, isto pode mudar nos próximos meses.
"Em breve poderá haver contas de gás de quatro dígitos na caixa do correio, os empregos serão perdidos e as autoridades não têm meios para lidar com tudo isso. O moral alemão pode ser severamente testado", disse o observador.
Ao mesmo tempo, Mumme observa que a Federação Russa durante todo o período de confronto econômico não apresentou condições para que a Alemanha aumentasse o fornecimento de gás. Entretanto, o autor não descarta que Moscou possa concordar com um ultimato, que causará uma onda de revoltas populares na Alemanha.
"Putin ainda não exigiu nenhuma concessão no fornecimento de gás, para o qual o governo alemão teria que sair das sombras. Mas no inverno isto pode tomar a seguinte forma: você [a Alemanha] levanta as sanções, ou não haverá gás", escreve Mumme, lembrando que a Ministra das Relações Exteriores Annalena Burbock já advertiu sobre a probabilidade de revoltas populares na ausência de gás no país.
A autora do material está certa de que a população da Alemanha há muito esqueceu o que é viver em condições de preços em constante aumento, mas o "sofrimento" pode cair sobre o país no próximo inverno.