Jolivaldo Freitas
Não sei se na hora em que este artigo estiver sendo impresso a Rússia já atacou a Ucrânia ou se recuou de vez, face à realidade que não é tão fácil de analisar ou antever, por que nunca se viu uma “guerra de informações” como está ocorrendo neste período de agora. O agora é angustiante não somente para os ucranianos, mas para todos aqueles, mundo inteiro, que fazem da paz uma perspectiva de vida e luta para que ela se estenda para todos os povos.
Bolsonaro – que virou piada e memes – está na Rússia, fazendo o quê, ninguém sabe, a não ser que tenha ido para lá como menino pirracento, somente para pirraçar o presidente dos Estados Unidos que quer ver qualquer um pela frente menos o mandatário brasileiro, de tantas bobagens que vem cometendo desde que assumiu o governo e desde quando formou um executivo diplomático dentro do que preconizava ser anti-bolivariano ou seja lá o que passou por sua cabeça.
Mas avaliando a questão de uma forma neutra, e sem estar com os ouvidos colados apenas na retórica ocidental, em que os norte-americanos passaram a vociferar que a Rússia estava prestes a atacar a Ucrânia, embora os ucranianos não acreditassem, até o momento em que são traçadas essas mal traçadas linhas, numa invasão, dá para oferecer certa anuência ao discurso dos diplomatas russos. Claro que a Rússia não é flor que se cheire e nem o presidente Putin vale o chão que pisa, vez que é useira e vezeira em invadir países alheios.
Mas, o que estaria em jogo não seria a ampliação da influência norte-americana neste jogo de xadrez que são as fronteiras e a ampliação do poder econômico neste processo todo? Também por um lado a Rússia tem receio de ficar cercada pelas forças da OTAN caso a Ucrânia opte por vir para este lado – parece que nos últimos dias estaria pensando em não mais se aproximar da organização. A Otan colocando seus pés na Ucrânia estará, notadamente, a um passo da porta de entrada do Kremlin.
Também outra questão a ser observada é que a Rússia estaria usando o “terror”, a possibilidade de criar um “clima” de invasão para obter a consecução do seu intento, que é mostrar poder bélico, poder econômico e poder de retaliação econômica (no sentido inverso dos que os ocidentais vinham ameaçando) a partir do momento de quem uma nova guerra geraria prejuízos para todo mundo. A Rússia perderia, mas o que dizer dos europeus que iriam penar atrás do gás que os russos vendem como principais fornecedores.
Como se diz na Bahia, velhíssimo berço do Brasil, está parecendo dança de rato. No final todos correrão para seus buracos.
Tomara que quando este texto estiver nas tintas o mundo ainda esteja em paz. Alguém aí lembra da Pax Romana?
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Escritor e jornalistas. E-mail: Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br