Corrupção: Moro defenderá ministros de Bolsonaro
Jornal GGN - Apesar dos dois principais ministros de Jair Bolsonaro serem alvo de investigações, Sérgio Moro afirmou que se algum dos integrantes do presidente eleito for acusado de corrupção, deve ser afastado. Mas com uma condição: se, na visão do magistrado de Curitiba e futuro ministro da Justiça, "a denúncia for consistente".
A declaração foi dada em entrevista ao Fantástico, na noite deste domingo (11). O juiz, que ficou conhecido pela Operação Lava Jato no Paraná, já mostrou que iria atuar como defensor do novo governo que agora assume como um dos integrantes e que admitiu que ele próprio iria fazer um "juízo de consistência" para verificar se a denúncia contra um possível ministro de Bolsonaro tem sustentação.
Um ministro envolvido em alguma denúncia de corrupção deve ser afastado?, questionou a emissora de televisão. "Se a denúncia for consistente, sim", respondeu Moro.
Na contramão do que ele mesmo vem pregando como juiz da Lava Jato do Paraná, contra as tentativas das defesas alvos de suas ações provarem que as denúncias, inquéritos e processos são frágeis, sem provas suficientes, Sérgio Moro defendeu que é possível, logo na primeira instância, fazer "um juízo de valor", derrubando as acusações.
"Eu defendo que, em caso de corrupção, se analise as provas e se faça um juízo de consistência, porque também existem acusações infundadas, pessoas têm direito de defesa. Mas é possível analisar desde logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar as Cortes de justiça proferirem o julgamento", disse, quase que saindo do posto de juiz para de advogado.
Apesar de dizer que "provavelmente" se envolveria em algum caso para aconselhar Bolsonaro a demitir ou não um ministro, depois de seu próprio juízo de valor ser empregado, tentou se afastar da responsabilidade: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico", recuou levemente.
Na lista de investigações contra ministros já anunciados, dois dos principais integrantes da equipe de Bolsonaro são investigados.
O futuro ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), tem quatro mandatos no Congresso. E, assim como o novo presidente, sem histórico de aprovações de projetos relevantes na Câmara, o parlamentar foi citado na delação premiada da JBS como um dos receptores de caixa dois eleitoral.
De acordo com a delação, Lorenzoni ganhou R$ 200 mil sem declarar à Justiça pelo grupo econômico. Considerado uma das cabeças por trás do futuro governo Bolsonaro e principal articulador político, tanto da campanha, quanto da formação do novo governo, Onyx admitiu que recebeu recursos não declarados para cobrir gastos de campanha, mas em quantias menores, de cerca de R$ 100 mil. Ainda, negou que houve algum tipo de contrapartida a essa doação.
O superministro da Economia de Bolsonaro, também um dos principais nomes da política de Bolsonaro no Planalto, Paulo Guedes é investigado por gestão fraudulenta, ao administrar R$ 1 bilhão, em 2009, junto a fundos de pensão estatais e ter investido em dois fundos da BR Educacional, sob apurações também. Negando o cometimento de crimes, de acordo com ele, a investigação é ilegal e "uma afronta à democracia".
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