Ativista dos direitos das mulheres é assassinada na Guatemala

Ativista dos direitos das mulheres é assassinada na Guatemala

Juana Ramirez Santiago era uma das lideranças influentes da "Rede de Mulheres Ixil" e recebeu ameaças por trabalho contra violência de gênero; até o momento, autores de disparos não foram identificados

 

LUCAS BERTI, NO OPERA MUNDI

A ativista de origem maia Juana Ramirez Santiago, 57, foi morta a tiros no oeste da Guatemala no último domingo (22/09), de acordo com um comunicado emitido pela Unidade de Proteção a Defensores dos Direitos do país. Os autores ainda não foram identificados. 

Segundo a declaração, a representante de causas sociais da "Rede de Mulheres Ixil" relatou que recebeu ameaças de morte por conta de seu trabalho de apoio a vítimas femininas de violência na região onde foi alvejada. 

O local é conhecido por ter sido uma das áreas mais atingidas por assassinatos e conflitos durante a guerra civil de 1960-1996, que incluiu casos de limpeza étnica contra os nativos maias e guerrilheiros locais que se opuseram ao governo guatemalteco. 

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala condenou o assassinato, prestando solidariedade aos amigos e parentes de Ramirez e afirmando que "confia nas investigações" dos promotores locais.

A diretora da Rede de Mulheres Ixil, Juana Baca, também lamentou o ocorrido, dizendo que a ativista "era uma mulher dedicada a trazer vida ao mundo e a fundadora da organização, sempre cuidando do bem-estar das mulheres ixil". O marido da ativista disse à Prensa Latina que a esposa "também apoiava a comunidade com seu trabalho como parteira".  

Desde maio de 2018, ao menos oito ativistas de direitos humanos e indígenas foram assassinados no país centro-americano. A Unidade de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua) registrou 135 agressões, 13 assassinatos e duas tentativas de assassinato contra ativistas entre 1º de janeiro e 08 de junho deste ano.

Relação política 

A maioria das vítimas em 2018 tem relação com uma associação camponesa que se opõe às políticas do presidente Jimmy Morales, acusado de corrupção e enriquecimento ilícito de campanha quando foi eleito, em 2015.

Morales vem enfrentando uma série de protestos que pedem sua renúncia, principalmente após se envolver em uma polêmica com a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig). 

O presidente chegou a barrar o chefe da comissão, Iván Velásques, de entrar em território guatemalteco, mas foi barrado por uma decisão da Corte de Constitucionalidade do país.

 


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Pravda.Ru Jornal