Entrevista de La Plena a Mark Burton, advogado de Simón Trinidad.
La Plena - Imprensa Alternativa e Popular do Caribe, falou com o advogado de Simón Trinidad, desde Denver [Colorado], EUA. Mark tem feito uma campanha internacional pela Europa e EUA em favor da liberação de Simón Trinidad. Lhe perguntamos sobre a situação atual de Ricardo Palmera e como vê o horizonte com o Governo conservador de Trump.
- La Plena: Olá, Mark, para La Plena é um prazer poder falar contigo sobre o caso de Ricardo Palmera, mais conhecido como Simón Trinidad. Nos agrada a ideia de poder compartir tua opinião. Por que se interessou pelo caso de Simón Trinidad? De onde soube dele?
- Mark Burton: Eu levei uma delegação de advogados norte-americanos à Colômbia em 2011, com o propósito de averiguar a situação dos direitos humanos nesse país. Durante a visita, um personagem da política em Bogotá comentou comigo sobre o caso de Simón Trinidad. Simón estava e está num cárcere chamado coloquialmente "Supermax", o cárcere de segurança máxima nos EUA. Este cárcere está aproximadamente a uma hora e meia ou duas horas de carro de minha casa. Eu pensava que como era possível que tratassem tão mal a um homem aqui em minha terra? Ele estava enclausurado solitário e tão longe de seu mundo... Depois, pensei que eu podia ajudar de qualquer forma. A comunicação era quase impossível porque ele estava bloqueado pelo governo dos EUA para se comunicar com o mundo. Finalmente entrei nessa masmorra em 2015 e ali tive contato com ele.
- La Plena: Fale-nos um pouco, já não de Simón Trinidad mas sim de Ricardo Palmera.
- Mark Burton: Eu não conheço a Ricardo Palmera, eu só conheço a Simón Trinidad. Eu posso imaginar a Ricardo Palmera como um homem de bem, em Valledupar, porém não só um homem de bem como também como um homem que tinha seu coração aberto, para o povo humilde, para os trabalhadores e campesinos. Que ajudava a quem podia ajudar. Ele tinha êxito em sua vida profissional, porém também pensava na paz e justiça social para seu país. Por esta razão, Diomedes Díaz, em sua canção "El Mundo", lhe cantou: "Ricardo Palmera, lhe queremos tanto".
- La Plena: Bem, com o atual governo conservador dos EUA você vê alguma possibilidade de um acordo político para repatriar e anistiar a Simón Trinidad?
- Mark Burton: O que é certo é que, se não fazemos nada, nada vai mudar. Tudo de bom na vida se consegue lutando. Necessitamos lutar em todas as partes pela liberação de Simón. Nos EUA houve os casos dos 5 cubanos e do porto-riquenho Oscar López Rivera. Todos foram libertados. Nestes dois casos houve um governo apoiando a seus presos e um movimento de massas em luta por sua libertação. Neste assunto, o governo da Colômbia não pode atuar como um lacaio dos EUA. No governo do estado colonial de Porto Rico, o estado apoiava a libertação de Oscar López Rivera. O governo da Colômbia necessita tratar do caso de Simón Trinidad como algo importante para o Estado, pois um de seus cidadãos está preso injustamente nos EUA e o governo da Colômbia tem que pedir sua repatriação. O movimento para a libertação de Simón Trinidad necessita recordar aos governos dos EUA e da Colômbia que não vamos descansar até que Simón esteja em sua casa. O governo colombiano com as calças bem postas, junto com um forte movimento popular, pode vencer; não importa que esteja Clinton, Bush, Obama ou Trump no poder.
- La Plena: Que representa para os Estados Unidos ter Simón Trinidad preso?
- Mark Burton: Eu creio que para os EUA o encarceramento de Simón é um símbolo de seu poder no mundo. Qualquer pessoa ou organização que é desobediente aos EUA será castigada com o cárcere em seu Império. Isso é um símbolo de poder.
- La Plena: E, para finalizar: que representa para o processo de paz em Colômbia que Simón Trinidad ainda permaneça preso em solo estadunidense?
- Mark Burton: A paz é um desejo e um sonho de muita gente em Colômbia. O processo de paz representa a possibilidade de uma Colômbia em paz com justiça social e um futuro melhor. Simón Trinidad não é só um símbolo de resistência como também de paz e reconciliação por suas ações em El Caguán e outras partes. O processo de paz será sempre incompleto sem a presença de Simón Trinidad em Colômbia.
Setembro de 2017
Tradução > Joaquim Lisboa Neto
Fonte: pacocol.org