Três mortos e 20 feridos em violenta marcha da extrema-direita na Virgínia
Uma pessoa morreu ao ser abalroada por uma viatura que investiu contra opositores à manifestação fascista e outras duas na sequência da queda de um helicóptero policial. Donald Trump foi criticado por evitar responsabilizar directamente os supremacistas brancos.
Sob o lema «Unite the Right» [Unir a direita], a mobilização convocada pela extrema-direita norte-americana juntou este sábado, na cidade de Charlottesville (estado da Virgínia), nacionalistas de direita, supremacistas brancos, neonazis, membros do Klu Klux Klan vindos de todo o país.
A marcha, considerada pelo Southern Poverty Law Center, um dos maiores «encontros de ódio nas últimas décadas nos EUA», surge na sequência da decisão da Câmara Municipal de Charlottesville de retirar do centro da cidade a estátua de Robert E. Lee, general confederado na Guerra da Secessão, e de passar a chamar Emancipation Park ao parque que tinha o nome do general sulista.
A decisão foi tomada em Abril último e, desde então, a cidade tem sido palco de protestos - de menor dimensão que os de ontem - fomentados pela extrema-direita. Outros, igualmente de natureza fascista e racista, têm ocorrido em localidades do Sul onde as autoridades decidiram remover simbologia dos Confederados.
Estado de emergência e violência fascista
O governador do estado da Virgínia, Terry McAuliffe, que decretara o estado de emergência na cidade, informou, ontem à tarde, que três pessoas faleceram e duas dezenas estavam a receber tratamento hospitalar.
Grupos antifascistas, que apoiam as decisões municipais, organizaram uma manifestação em resposta às dos supremacistas, tendo-se registado confrontos violentos. Depois de a Polícia evacuar o Parque da Emancipação, onde os neonazis pretendiam manifestar-se, um viatura investiu contra um grupo de contramanifestantes, albaroando-os e matando uma mulher de 32 anos.
Levando bandeiras e escudos com simbologia fascista, e brandindo paus e bastões, grupos de neonazis ainda atacaram vários antifascistas espalhados pela cidade universitária da Virgínia, bem como alguns jovens e crianças negros que foram encontrando pelo caminho.
Críticas a Trump
O presidente norte-americano aproveitou a sua conta de Twitter para afirmar: «Devemos estar todos unidos e condenar tudo aquilo que o ódio representa. Não há lugar para este tipo de violência na América. Estejamos unidos!»
A mensagem foi criticada por «ambígua», na medida em que não faz referência aos responsáveis pela violência, a grupos de extrema-direita que lhe expressaram o seu apoio durante a campanha.
Posteriormente, numa conferência dada no clube de golfe onde passa férias e de onde, de modo enfático, tem arremetido contra a Venezuela e contra a República Popular Democrática da Coreia, apontando o dedo e proferindo ameaças «ao seu estilo», mostrou-se comedido e evasivo. Condenou «nos termos mais claros a escandalosa demonstração de ódio, fanatismo e violência», mas afirmando que ela é proveniente de «muitos sítios».
Face à ausência de referências directas aos neonazis e supremacistas brancos que convocaram a mobilização, vários responsáveis políticos - alguns dos quais do Partido Republicano - criticaram os termos dúbios da mensagem presidencial, assim como alguma imprensa norte-americana, segundo indica a Prensa Latina.
Foto: Grupos fascistas nas ruas de Charlottesville, Virgínia, depois de a Polícia ter evacuado Emancipation Park, onde pretendiam manifestar-se. 12 de Agosto de 2017Créditos/ qz.com
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