Rússia considera «inaceitáveis» ameaças dos EUA contra governo sírio
O Kremlin classificou como «inaceitáveis» as ameaças proferidas por responsáveis norte-americanos contra «o governo legítimo da Síria», na sequência de uma declaração da Casa Branca que acusa Bashar al-Assad de estar a preparar «outro» ataque químico.
«Nós estamos a par desta declaração. Não sabemos em que se baseia. E, como é óbvio, discordamos bastante da expressão "outro ataque"», disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, esta terça-feira, em Moscovo.
O governo sírio e as suas forças armadas não podem ser responsabilizados pelo alegado ataque químico ocorrido a 4 de Abril na província de Idlib, «porque, como sabem, apesar de todos os pedidos feitos [nesse sentido] pela Rússia, não houve uma investigação internacional independente sobre essa tragédia», acrescentou, citado pela RT.
Washington acusa o governo de Bashar al-Assad de ser responsável por um ataque com armas químicas em Khan Shaykhoun (província de Idlib), no qual dezenas de civis perderam a vida.
Tanto Moscovo como Damasco refutaram essa acusação, sublinhando não existir provas que a sustentassem. Ainda assim, o presidente norte-americano, Donald Trump, mandou atacar a base de aérea de Shayrat, na província de Homs; as ordens foram cumpridas por um navio norte-americano estacionado no Mediterrâneo que disparou mísseis 59 Tomahawk.
Alerta para provocações
O porta-voz do Kremlin alertou para o perigo de eventuais provocações por parte dos terroristas. «Vocês sabem que foi provada, em diversas ocasiões, a utilização de agentes químicos tóxicos pelo Daesh e outros grupos criminosos. Existe certamente o perigo de tais situações se repetirem», afirmou.
Peskov considerou «inaceitáveis» quaisquer ameaças contra o legítimo governo da Síria e reiterou o pedido de uma investigação sobre o ataque em Idlib.
Casa Branca ameaça e Haley também
Numa declaração efectuada ontem à noite, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicey, disse que «os Estados Unidos identificaram potenciais preparativos para um outro ataque com armas químicas pelo regime de Assad, que provavelmente resultaria no assassinato em massa de civis, incluindo crianças inocentes».
Spicey disse ainda que a Administração Trump está na Síria para «eliminar o Daesh», mas que Bashar al-Assad e os seus militares pagarão um «preço elevado» se o governo sírio levar a cabo um «novo ataque» com armas químicas.
Por seu lado, a embaixadora dos EUA junto das Nações Unidas, Nikki Haley, escreveu hoje no Twitter que «Assad será culpado por novos ataques contra o povo da Síria, mas também a Rússia e o Irão, que o ajudam a matar o seu próprio povo», indica a RT.
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