III Guerra Mundial como Estratégia Imperialista
Prenunciam-se novas tragédias no Oriente Médio, mais golpes na América Latina e escalada da tensão nas relações EUA-Rússia. Antigo plano de Washington é invadir sete países: Iraque, Síria, Somália, Líbia, Sudão, Irã e Iêmen. Nada muda com Trump, como sempre esteve claro que ocorreria. Nada mudou com os maiores lobistas da política norte-americana: os sionistas que felicitam a Tio Sam agora, por mais um crime de guerra contra a Síria. Uma III Guerra Mundial está na agenda do dia, e não eclodirá por mero acidente
"Por causa do ataque à base aérea da Síria, a interação da Rússia com os Estados Unidos pode ser interrompida.Acreditamos que este é um ato de agressão, não podemos olhá-la de outra forma. 59 bombas foram despejadas no aeroporto de Shayrat. Tudo o que Donald Trump disse sobre a Síria, perdeu o significado. O ato está feito, e eu não entendo mesmo qual a jogada ali.Mas vamos responder a isso", disse Viktor Ozerov, presidente da Comissão de Defesa e Segurança do Conselho da Federação Russa, a Pravda.Ru nesta sexta-feira (1).
"A Rússia terá de mostrar alguma reação a isso, de alguma forma. O nível da escalada é extremamente elevada.Tendo lançado o ataque de mísseis sobre a Síria à noite, Trump mostrou que é um político irresponsável, que não tem experiência política nem cultura política. Isso pode levar a um agravamento muito sério das relações entre nossos dois países, às conseqüências mais imprevisíveis". Opinião do especialista de Alexander Bedritsky, diretor do Tauride Information and Analytical Centre, a Pravda.Ru nesta sexta-feira (1).
por Edu Montesanti
Quando, há um ano e três meses este autor estreava em Pravda Brasil afirmando que não apenas o mundo caminhava a passos assustadoramente largos rumo a uma III Guerra Mundial, mas que esta era a estratégia dos porões do poder imperialista globais identificados como a casta sionista e suas marionetes de Washington, um mar de leitores apontando histericamente o profundo exagero e muitos até indignados com a "blasfêmia" do autor, não poupado de xingamentos e acusações, foi testemunhado aqui: Israel Provoca Brasil com Vistas à III Guerra Mundial (http://port.pravda.ru/mundo/09-01-2016/40141-israel_provoca-0/).
O tempo passou e, com o excesso de informações sem contexto como tática da grande mídia para embaralhar o entendimento coletivo, certamente a previsão acima, baseada em análise dos fatos, não foi levada em consideração dos telespectadores assíduos, lavados cerebralmente por porcarias como Jornal Nacional, Record, entusiásticos assinantes de excrecências que não ajudam em nada (não por inaptidão jornalística, mas por interesses comerciais) a se fazer leitura da realidade, tais como Veja, Globo, Estadão etc. Mesmo que de lá para cá os regimes sionista e norte-americano tenham aumentado, e muito, as evidências no sentido de se agravar e espalhar conflitos, e eles mesmos tenham, em tão pouco tempo, excedido seus históricos crimes de guerra e de lesa-humanidade além das revelações de Edward Snowden e Julian Assange divulgadas pela mídia realmente alternativa e comprometida com a verdade dos fatos, que expõem a cínica dupla de reis cada vez mais nus.
Palhaço Assassino na Casa Branca
Também como voz no deserto, este autor repetia constantemente o engodo de Donald Trump em relação à cooperação internacional, especialmente com a Rússia desde a circense campanha presidencial da melhor democracia que o dinheiro pode comprar (e cuja maior lobista é exatamente a AIPAC). E ainda, que Trump não dialogaria como dizia a fim de resolver os "conflitos" no Oriente Médio. Na última publicação neste sentido, em dezembro de 2016, lê-se:
"Embora seja muito elogiado pelas promessas de campanha de se aproximar da Rússia e reverter este sombrio cenário global, o presidente norte-americano recentemente eleito, Donald Trump, traz em seu histórico, no contexto de seus discursos, na equipe de governo que tem montado e na própria realidade politicamente histórica de seu país, sérias dúvidas se realmente seguirá por esse caminho.
"A Guerra Civil síria é muito mais perigosa que qualquer momento da Guerra Fria, incluindo a famosa Crise de Mísseis de Cuba de 1962. Hoje, o potencial de conflito nas relações russo-americanas é maior do que na segunda metade do século passado."
A ampla reportagem foi finalizada desta maneira: "Nada indica que Trump, por inaptidão ou falta de vontade política, mudará este cenário de III Guerra Mundial sob sério risco de ataques nucleares" (http://port.pravda.ru/mundo/15-12-2016/42311-relacoes_russia_eua-0/).
O que ocorre e os meios de comunicação de imbecilização das massas não permitem que seja compreendido, é que ão há "conflito" no Oriente Médio. Há, sim, rivalidades, títeres, líderes sanguinários e organizações terroristas artificialmente produzidas com o fim de se expandir bases militares, e dominar a região mais rica em petróleo do planeta. E de quebra, eliminar a religião que representa maior ameaça ao sistema capitalista: o Islã (o Evangelho de Jesus, tal como é, deveria ser parte desta ameaça se as respectivas confrarias religiosas não estivessem dominadas pelos escusos interesses e pelas garantias dos privilégios do poder, além de fortemente influenciadas pelos porões do poder que avançam secretamente em direção ao domínio global).
Em 2007, o General Wesley Clark afirmou na rede norte-americana de notícias Democracy Now! que o plano de Washington, logo após a queda das Torres Gêmeas, era invadir sete países em cinco anos: Iraque, Síria, Somália, Líbia, Sudão, Irã e Iêmen. Nada mudou com Trump. E sempre esteve claro que não mudaria.
Desde que chegou à Casa Branca, aquele que se apresentava, entre profundas contradições nos ditos e feitos, como futuro dialogador internacional, tratou de acrescentar 54 bilhões de dólares aos gastos militares, que alcançarão 658 bilhões de dólares no final deste ano. E nem poderia ser diferente: sua média de ataques por drones e contra civis no Oriente Médio, já supera a de George W. Bush e de Barack Obama.
Já no primeiro final de semana na Casa Branca, a administração do palhaço assassino made in USA (Trump tem sido classificado de palhaço por muitos dentro e seu país) realizou dois ataques com drones no Iêmen, que matou dez pessoas; um deles atingiu três pessoas em uma motocicleta, e o outro, sete pessoas dentro de um carro.
Uma semana após a posse, Trump lamentou a morte de um Seal da Marinha dos Estados Unidos em uma invasão ordenada por ele no sul do Iêmen. Trump não mencionou as 30 pessoas, incluindo pelo menos 10 mulheres e crianças mortas pelos bombardeiros dos EUA. O ataque causou estragos graves um centro de saúde, em uma escola e em uma mesquita.
"Quase mil mortes de não combatentes já foram alegadas a partir de ações de coalizão em todo o Iraque e na Síria em março - uma alegação recorde", segundo a Airwars, uma organização não-governamental que monitora as vítimas civis de ataques aéreos no Oriente Médio.
Um morador da cidade de Mosul, no Iraque, disse dias atrás: "Agora parece que a coalizão está matando mais pessoas do que a Estado Islamita" enquanto o regime de Trump continua a "política" de atacar com fósforo branco que, bomba química proibida pelo direito internacional que queima e rasga o corpo, e queimando até os ossos do indivíduo vivo (fato recentemente reconhecido pela Anistia Internacional: https://www.amnesty.org/en/latest/news/2016/10/iraq-use-of-white-phosphorus-munitions-puts-civilians-at-grave-risk/). Na Síria, o Comando Central dos EUA confirmou que usou urânio empobrecido contra o Estado Islamita, sem dúvida outro crime de guerra (leia reportagem da revista norte-americana Foreign Policy: http://foreignpolicy.com/2017/02/14/the-united-states-used-depleted-uranium-in-syria/).
Trump não descarta o uso de armas nucleares, enquanto prossegue sua "Guerra contra o Terror". Em entrevista á rede de notícias norte-americana MSNBC, ele se questionou: "Alguém nos atinge, de dentro do Estado Islamita: você não iria revidar o ataque com uma arma nuclear?". Não sem razão, na virada do ano o Bulletin of the Atomic Scientists (Boletim dos Cientistas Atômicos) dos EUA divulgou, em seu anual Doomsday Clock (Cronômetro do Dia do Juízo), o pior índice em 70 anos em relação aos riscos de ataques nucleares exatamente pela ocasião da eleição de Donald Trump , situação ainda mais dramática que os mais sombrios dias da Guerra Fria (http://thebulletin.org/sites/default/files/Final%202017%20Clock%20Statement.pdf)
O Império do Terror e o Oriente Médio
Tudo remonta o início do século, com a Declaração de Balfour que, em 2 de novembro de 1917, previa o apoio da Inglaterra (maior potência global à época, e aliada histórica dos Estados Unidos) ao eufemístico Lar Nacional Judeu, que na verdade consistia (e consiste até hoje) na expulsão à força e dizimação do povo palestino, o qual vive atualmente no maior campo de concentração a céu aberto do mundo.
Em 1953, a CIA foi a arquiteta e financiadora secreta da derrubada do líder nacionalista iraniano Mohammad Mossadegh, conforme os próprios documentos da Central de Inteligência desclassificados em agosto de 2013 (já naquela época, também apoiada em parte na tal de Revolução Colorida, ou golpe brando como tem ocorrido nas "Primaveras Árabes" e na América Latina, região mais rica em biodiversidade do planeta, e a segunda maior reserva petrolífera).
No final dos anos de 1970 a invasão da CIA ao Afeganistão, ao contrário do que até hoje dizem os livros de História (elaborados pelas elites globais que contam as histórias dos poderosos e vencedores de guerras, perpetradas por eles mesmos), precedeu à soviética: nas palavras do conselheiro de Segurança Nacional do então presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter (1977-81), Zbigniew Kazimierz Brzezinski, a intenção da Casa Branca era "dar à União Soviética o seu Vietnã, e atolá-la no Afeganistão".
A partir dali, a CIA passou a estabelecer as madrassas em solo afegão e paquistanês com livros didáticos, made in Nebraska, ensinando a jihad violenta aos meninos, jovens e adultos. Foi também o Império mais terrorista da história quem financiou, armou e treinou os jihadistas (novidade na região, onde judeus e islamitas viveram secularmente em paz, muito mais que em relação aos próprios cristãos), entre eles Osama bin Laden e Saddam Hussein a fim de defender os interesses dos Estados Unidos na região. Os combatentes afegãos, senhores da guerra chamados de mujahideen, foram recebidos na Casa Branca por ele mesmo, Ronald Reagan, quem então comparou os belicistas islamitas com os "pais fundadores dos Estados Unidos por seu comprometimento com a liberdade e com a paz".
O Project for the New American Century, elaborado no final dos anos de 1990 pelos que comporiam a equipe de governo de George W. Bush (filho), previa que apenas um novo Pearl Harbor seria capaz de reafirmar o domínio militar a nível global dos Estados Unidos. Para isso, o 11 de Setembro serviu perfeitamente; como parte da criminosa "Guerra ao Terror", projetada muito antes de 11 de setembro de 2001 para ser infinita, vieram depois Iraque, Afeganistão de novo, Iraque novamente, Líbia e Síria na lista imperialista de "intervenções humanitárias", alegremente aplaudidas com por uma opinião pública mundial completamente perdida entre torrente de informações, e tanto medo - e com uma velha mídia prostrada de joelhos diante do Império, bombardeando esse mesmo medo diariamente, impondo ao inconsciente coletivo intolerância e muita discriminação, tudo isso os grandes combustíveis da "Guerra ao Terror".
III Guerra Mundial Iminente
Donald Trump, sem que sequer a ONU tenha comprovado de onde partiram os ataques com bombas quimicas na terça-feira (4) Síria, lançou em retaliação, unilateralmente e em contravenção à Constituição de seu país e às leis internacionais, 59 mísseis sobre base aérea de Shayrat, na cidade de Homs de onde o Pentágono acredita que partiram as (não comprovadas) aeronaves que lançaram as armas químicas que mataram cerca de 80 civiles. Nos ataques "humanitários" dos Estados Unidos realizados nesta sexta, pelo menos 12 pessoas morreram.
Ao mesmo tempo, bem ao estilo baby Bush, o mandatário norte-americano conclamou as "nações civilizadas" a se unir no ataque à Síria. Como nem poderia ser diferente, o primeiro-ministro israelense benjamin Netanyahu foi um dos primeiros a se pronunciar, entusiasmado, com a empreitada belicista de seu maior aliado: "O presidente Trump enviou hoje uma mensagem forte e clara de que o uso e a proliferação de armas químicas não será tolerada", disse Netanyahu deixando passar desapercebido que o Estado de Israel constantemente, portador de bombas nucleares, constante e indiscriminadamente, ataca civis palestinos com fósforo branco e outras armas químicas.
Em defesa do ataque de Trump têm saído também o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o presidente da França, Francois Hollande, a primeira-ministra britânica Theresa May, e os chefes de governo de Austrália e Turquia, Malcolm Turnbull e Recep Tayyip Erdoğan, respectivamente.
O presidente russo Vladimir Putin considerou o ataque "uma agressão contra um país soberano", que atenta "contra as normas internacionais com uma desculpa fictícia", declarou seu portavoz Dmitri Peskov.
O Irã também considerou que "estas medidas apenas fortalecem os terroristas na Síria e que, consequentemente, complica a situação no país na región" do Oriente Médio.
A Bolívia solicitou, junto da Rússia uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU imediatamente após o lançamento dos 59 mísseis norte-americanos contra a base de Shayrat. Na sessão extraordinária desta sexta-feira, o representante permanente da Bolívia no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Sacha Llorenti, afirmou que o ataque à Siria por parte dos Estados Unidos representa uma violação "escandalosa" da carta da organização, e "uma ameaça à paz e á segurança" internacional.
Representando uma guinada no "quintal" dos Estados Unidos, certamente o governo boliviano será seguido pelos do Equador e da Venezuela - seria seguido também pelos presidentes Fernando Lugo, Manuel Zelaya, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, o que é altamente improvável que ocorra com os fantoches Horacio Cartes, Juan Orlando Hernández Alvarado, Michel Temer e Mauricio Macri. Tais posturas explicam perfeitamente os golpes à democracia travestidos de Primaveras sociais e limpeza ética por sistemas judiciários mal disfarçados, em uma região de suma importância às relações internacionais e cujos governos progressistas das últimas décadas têm (ou tinham) prezado pela soberania.
Al-Assad não atende aos interesses hegemônicos dos Estados Unidos, além de grande aliado de Rússia e Irã, o que explica o antigo desejo de neutralizá-lo enquanto fazem vistas grossas a, por exemplo, Arábia Saudita, regime entre os maiores violadores dos direitos humanos em todo o mundo - aliada histórica dos interesses de Washington na região. China Rússia e em si já são consideradas entraves para os almejos imperialistas de Tio Sam, de maneira que guerras por procuração, ou proxy wars como se tem dito pelo mundo em inglês, são na concepção dos estrategistas de guerra norte-americanos uma maneira de desgastar China e Rússia, evitando o confronto direto com as temidas nações: no caso da segunda, possui as bombas mais sofisticadas do planeta e território geograficamente mais favorável no caso de uma invasão. Pois exatamente a Rússia tem, nos últimos anos, modificado as relações internacionais fazendo com que os EUA recuem em muitos casos, como no da própria Síria nos últimos anos, quando o regime de Obama esteve na iminência de intervir militarmente, e derrubar Assad. O Irã, desafeto regional dos EUA e de Israel, também é aliado sírio.
Provocar uma guerra generalizada é do interesse dos poucos tomadores de decisão global, também pela situação econômica mundial e porque veem seu poder diminuindo gradativamente: as relações internacionais são cada vez mais multipolares.
As sociedades globais se fortalecem na era da revolução da informação, através de uma Internet cada vez mais vigiada. Para cercear fortemente as liberdades civis, qual a mais apropriada justificativa para os poderosos que o conflito permanente, e o medo constante?
O Papel da Grande Mídia, Faculdade dos Aloprados
Enquanto os donos do poder global brincam com fogo e com o futuro da humanidade, não surpreende que os mesmos meios de comunicação que, nenhum segredo a ninguém, sempre estiveram a serviço do 1% dominante, que sempre derrubaram governos legítimos instalando e legitimando regimes crueis, que invertem constantemente os papeis transformando bandidos em herois e vice-versa, não seja minimamente capaz de proporcionar aos consumidores de desinformação uma mínima construção da realidade - e a arte de ser imbecil travestido de comunicador já começa a ser ensinada nas faculdades de Jornalismo.
Para quem acha que a grande mídia se regenerou, que aprendeu com os "erros jornalísticos" do passado, que tenha consciência de que não há erro nem passado quando o assunto é fazer da informação um sujo negócio:
"O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja podem se dedicar a informar sobre os riscos que podem advir de se punir quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país. Esta Embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam uma excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira" (cabo emitido pela Embaixada dos Estados Unidos a Washington em Brasília em 22 de dezembro de 2009, liberado por WikiLeaks dois anos mais tarde).
Os grifos são nossos. Uma III Guerra Mundial se avizinha, e ainda mais catastrófica que as anteriores: ou se muda o estado de espírito, os dogmas e as fontes de conhecimento, de uma vez por todas, ou a humanidade está realmente fadada à destruição da espécie pela própria espécie. Os interesses dos donos do poder e de seus porta-vozes da grande mídia não mudaram, e nunca mudarão dentro deste sistema falido.
Bem vinda, bem vindo à mídia alternativa. Encontrar-se com a realidade dos fatos, reconheçamos, nem sempre é tarefa fácil especialmente àqueles que, covardemente, apreciam a cômoda posição de seguir as tendências predominantes.: o subconsciente grita! A III Guerra Mundial está muito mais próxima do que o país do carnaval imagina, e se a humanidade sobreviver, certamente será muito mais devastadora que qualquer outro confronto inventado pelos donos do poder global.