"Operação Angola", de Diana Andringa, e curtas-metragens de Luís Urbano no TCSB

"Operação Angola", de Diana Andringa, e curtas-metragens de Luís Urbano no TCSB

Duas noites com documentários e a apresentação de dois livros de fotografia são os destaques da semana na programação do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, marcada pelas colaborações d'A Escola da Noite com o Centro de Documentação 25 de Abril e com o Núcleo de Arquitectos da Região de Coimbra. Nos Sábados para a Infância, como é habitual na última semana de cada mês, é altura de a Cláudia Sousa abrir a sua mala e oferecer novas "Flores de Livro" aos mais pequenos.

OPERAÇÃO ANGOLA: FUGIR PARA LUTAR
Na terça-feira, dia 21 de Março, às 21h30, o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra promove a exibição do documentário "Operação Angola: Fugir para lutar", de Diana Andringa, no âmbito do ciclo de seminários abertos "Guerras da Memória". A sessão contará com a presença da realizadora, tem entrada gratuita e inclui uma conversa com o público após a exibição do filme. O documentário aborda a fuga de Portugal de um conjunto de cerca de 60 estudantes das então colónias portuguesas - entre os quais os ex-presidentes de Cabo Verde e Moçambique, Pedro Pires e Joaquim Chissano, e os ex-primeiros-ministros de Angola e Moçambique, Fernando Van Dunen e Pascoal Mocumbi -, realizada em Junho de 1961. Os estudantes procuravam escapar à repressão pela polícia política da ditadura portuguesa, a PIDE, evitar a mobilização militar ou juntar-se aos movimentos de libertação. Esta fuga contou com o apoio do Conselho Mundial das Igrejas e a participação activa de uma organização ecuménica radicada em França, a CIMADE. "Operação Angola" (que era também o nome de código dado à missão) refaz essa viagem, guiada pelo actor Miguel Hurst, filho de um dos casais participantes na fuga - Jorge e Isabel Hurst - e inclui depoimentos de vários outros fugitivos. O filme foi editado em 2015, é uma co-produção luso-moçambicana e é um dos mais recentes trabalhos da Persona Non Grata Pictures, de António Ferreira e Tathiani Sacilotto.

ARQUITECTURA E CINEMA
Na quinta-feira, dia 23 de Março, é a vez do NARC - Núcleo de Arquitectos da Região de Coimbra, em parceria com o Núcleo de Estudantes de Arquitectura da AAC, organizar a primeira sessão do Ciclo "Arquitectura e Cinema". A sessão inclui a apresentação do projeto Ruptura Silenciosa e JackBackPack, pelo arquiteto Luís Urbano, e a projecção das curtas-metragens "Sizígia" (2012, 17') e "Como de desenha uma casa" (2014, 19'), ambas realizadas pelo próprio.


O termo sizígia significa uma combinação entre dois ou mais elementos distintos e, de acordo com a ciência que estuda as estrelas e os planetas, pode designar uma configuração astronómica em que corpos celestes se organizam aproximadamente no mesmo eixo, por exemplo o Sol, a Terra e a Lua durante um eclipse solar ou lunar. Nesta curta-metragem, filmada na Piscina das Marés - um lugar desenhado pelo lápis de um arquitecto, mas também pela natureza - um funcionário zela pelo edifício, trabalha, descansa, grava sons, dialoga com o espaço sem nunca chegar a falar. Ainda assim consegue chamar-nos à atenção para o encontro entre a arquitectura e a vida. O filme foi distinguido com o Prémio Especial do Júri na Competição Labo no 35.º Festival Internacional de Cinema de Clermont-Ferrand.


Em "Como se desenha uma casa", título emprestado de um poema de Manuel António Pina, a arquitectura amena de um dos mais amados projetos modernistas de habitação colectiva em Portugal é usada para contar uma história em que o passado é também presente. Como se desenha uma casa foi filmada no Bloco das Águas Livres, em Lisboa, um edifício desenhado por Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu Costa Cabral nos anos 50 do século XX.


Os bilhetes para esta sessão custam 3,50 Euros e podem ser reservados pelos contactos habituais do Teatro da Cerca de São Bernardo.

JOÃO M ALMEIDA APRESENTA DOIS LIVROS DE FOTOGRAFIA
Ainda na quinta-feira, mas ao final da tarde, João M Almeida apresenta ao público de Coimbra, no Bar/Livraria do Teatro, os dois livros de fotografia que editou em 2016: "À margem da vida" e "2:fototerapia". O primeiro inclui, segundo a descrição do jornalista Luis Leiria, "32 imagens que retratam as bordas do poço em que caímos quando o chão nos foge debaixo dos pés e que testemunham, indiferentes, a nossa passagem pela vida, essa queda constante em busca do momento final em que nos chocaremos com o fundo. A nossa breve existência contrasta com a sua perenidade". Sobre "2:fototerapia", explica o próprio autor que ele foi feito num dos períodos de convalescença de uma operação cirúrgica a que foi submetido: não podendo fotografar o que andava a fotografar, decide pôr-se em frente ao espelho e volta-se "para o interior", inspirado pelo mote do fotógrafo espanhol José Manuel Navia que ouviu num "workshop": "Há o fotógrafo que gostavas de ser e o que podes ser. Este era o que eu podia ser, fechado em casa, numa situação particular, em que estava triste e chateado". O resultado "é um olhar para mim, para o meu corpo e para o meu espaço."
A sessão de Coimbra é às 18h30, tem entrada gratuita e conta com a apresentação do médico António Rodrigues.

FLORES DE LIVRO
No Sábado, 25 de Março, os Sábados para a Infância acolhem uma nova de sessão de "Flores de Livro", com Cláudia Sousa. A iniciativa acontece uma vez por mês desde Janeiro de 2013. A educadora sócio-educativa traz ao TCSB a sua mala dos livros e conta aos mais pequenos um conjunto de histórias escritas a pensar neles. Para além de estimular a criatividade e a imaginação dos seus pequenos ouvintes, o projecto ajuda a criar o gosto pela leitura e a familiaridade com o livro enquanto objecto.
O ambiente calmo e de grande proximidade proporcionado pelo bar do Teatro contribui para a riqueza da experiência. No final de cada sessão, os participantes são convidados a manusear os livros que foram lidos e a fazer os seus próprios desenhos, inspirados pelas histórias que acabaram de ouvir. Podem ainda requisitar alguns dos livros trazidos pela animadora e levá-los para casa até à sessão seguinte. As sessões são recomendadas para crianças a partir dos 2 anos.

 


Author`s name
Pravda.Ru Jornal