UNICEF lança relatório global sobre o impacto do fenómeno El Niño nas crianças
O El Niño chegou ao fim, mas o seu impacto sobre as crianças pode piorar enquanto a propagação de doenças e desnutrição continuar
26,5 milhões de crianças na África Oriental e Austral precisam de ajuda humanitária
NAIROBI/NOVA IORQUE, 8 de Julho de 2016 – O fenómeno do El Niño de 2015 e 2016 chegou ao fim, mas o seu impacto devastador sobre as crianças está a piorar devido a fome, desnutrição e doenças após secas severas e inundações geradas pela corrente, uma das piores da história, afirmou hoje o UNICEF.
E há grandes probabilidades que La Niña – o outro lado do El Niño – poderá ocorrer ainda este ano, agravando ainda mais a crise humanitária severa que está afectar milhões de crianças em algumas das comunidades mais vulneráveis, disse o UNICEF num relatório chamado Ainda não terminou – O Impacto do El Niño sobre as crianças.
As crianças nas áreas mais afectadas estão a passar fome. Na África Oriental e Austral – as regiões mais atingidas pelo fenómeno – cerca de 26,5 milhões de crianças necessitam de apoio, incluindo mais de um milhão de pessoas que precisam de tratamento para desnutrição aguda grave.
Em muitos países, os recursos já escassos atingiram os seus limites, e as famílias afectadas esgotaram os seus mecanismos para enfrentar a situação – como redução das refeições e a venda de bens. A menos que mais ajuda é recebida, incluindo o envio urgente de suporte nutricional para crianças pequenas, décadas de progresso na matéria de desenvolvimento poderão ser perdidas.
Em muitos países, o El Niño afectou o acesso à água potável, e tem sido associado ao aumento de doenças como a dengue, diarreia e cólera, que são umas das principais causas de morte infantil. Na América do Sul, especialmente no Brasil, o El Niño criou condições para a reprodução do mosquito transmissor de Zika, dengue, febre-amarela e chikungunya. Se La Niña se desenvolve, pode contribuir para a propagação do vírus Zika às áreas que até hoje não sofreram os seus efeitos.
O UNICEF também disse que há sérias preocupações com a possibilidade de que na África Austral, o epicentro global da pandemia do SIDA, poderemos ver um aumento na transmissão do VIH como resultado do impacto do El Niño. A falta de alimentos afecta o acesso à terapia anti-retroviral porque os pacientes tendem a não tomar o medicamento com o estômago vazio, e muitas pessoas preferem utilizar os seus recursos limitados para obter comida em vez de usá-los para transporte à uma unidade de saúde. A seca também pode forçar mulheres e adolescentes a praticarem sexo transaccional para sobreviver. E a
mortalidade de crianças que vivem com VIH é de duas a seis vezes maior para aquelas que estão gravemente desnutridas do que para aquelas que não estão.
“Milhões de crianças e as suas comunidades necessitam de apoio para sobreviver. Elas precisam de ajuda para se preparar para o caso do fenómeno El Niña agravar a crise humanitária que estão a enfrentar. E elas precisam de ajuda para que possam acelerar as medidas de redução dos ricos de catástrofes e a adaptação às alterações climáticas, o que está a causar eventos climáticos extremos com maior intensidade e frequência”, disse o Director de Programas de Emergência do UNICEF, Afshan Khan. “As mesmas crianças que sofreram os efeitos do El Niño e estão ameaçadas pela La Niña, estão na linha de frente da mudança climática.”
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Foto: UNICEF
Fotos, vídeo e o relatório estão disponíveis aqui: http://uni.cf/29w1son