Estudo mostra que o medicamento antecipou para dois dias a cicatrização de córneas submetidas ao crosslink.
Estudo apresentado no maior congresso oftalmológico do mundo realizado em Las Vegas (EUA) de 13 a 17 de novembro pela AAO (Academia Americana de Oftalmologia) mostra que um novo colírio testado em portadores de ceratocone refaz a córnea em dois dias após a aplicação de crosslink. De acordo com o autor do estudo, Koray Gumus radicado na Turquia, dois dias depois do procedimento a cicatrização da córnea avançou em 83% dos olhos tratados com o novo colírio contra 13% dos que não receberam o medicamento. Os participantes também relataram menos dor, ardência e sensibilidade à luz. Para o oftalmologia do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, trata-se de um grande avanço porque reduz o risco de infecções e opacificação da córnea. Isso porque, é crescente o número de pessoas resistentes aos antibióticos no mundo todo, inclusive no Brasil, por conta do uso indiscriminado desta classe de medicamentos. A cicatrização, pondera, pode demorar semanas e até meses nos casos de transplante quando o tratamento é realizado com outro tipo de medicação.
O especialista explica que o crosslink é a única terapia que interrompe a evolução do ceratocone, doença que afina a córnea e reponde por 70% dos transplantes no Brasil. "O procedimento consiste no aumento da resistência das fibras de colágeno em até 3 vezes, através da remoção da camada superficial de células e aplicação de riboflavina (vitamina B12) associada à radiação UV (ultravioleta).
Tratamento é desconhecido por 47%
Queiroz Neto destaca que um estudo que coordenou este ano com 319 portadores de ceratocone mostra que no Brasil o crosslink ainda é desconhecido por 47% dos que têm a doença. Dos que já passaram pelo procedimento, o estudo também revela que o ceratocone estacionou para 88% e 45% tiveram melhora da acuidade visual. Este foi o caso de um paciente que descobriu o ceratocone logo no início, depois de passar por uma tomografia. O novo medicamento, observa, pode otimizar os resultados.
O oftalmologista afirma que o segredo do novo colírio é ter como princípio ativo uma substância similar ao sulfato de heparano presente ma matriz extracelular da córnea e todos os tecidos humanos. Por isso, os pesquisadores também estão estudando seu uso no tratamento de úlceras crônicas da córnea e para acelerar a recuperação de cirurgia refrativa que corrige miopia, hipermetropia e astigmatismo. Aprovado recentemente nos EUA pelo FDA, agência reguladora de medicamentos similar à ANVISA, o novo colírio deve ser introduzido no Brasil até 2017.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação