Segundo informação da ASVDH (Associação Saharaui das Vitimas de Violações Graves de Direitos Humanos cometidas pelo Estado Marroquino), o ativista político saharaui e jornalista, Salah Eddine Lebsir, actualmente detido na prisão Negra de El Aaiún, foi levado perante o Tribunal de recurso de segunda instância, a 05 de agosto de 2015 às 9h15, após vários adiamentos.
Salah Lebsir entrou no tribunal vestido com o traje tradicional saharaui tradicional, repetindo palavras de ordem, tais como: "Não há alternativa à autodeterminação", "As sentenças das autoridades de ocupação não são legais" e "Não à autonomia, a independência do Sahara é inevitável.
O julgamento foi adiado para 9 de setembro, Lebsir saiu da sala repetindo os mesmos slogans políticos. Os membros da família foram incapazes de assistir a esta sessão, devido à forte mobilização das forças de segurança, camiões e policias fardados e à paisana ao redor do tribunal. A família, apoiada por outros activistas, foi cercada em frente ao Tribunal e impedida de entrar. Os familiares foram ameaçados e escorraçados de vários outros locais.
O activista saharaui dos direitos humanos, o Sr. Brahim Sabbar, secretário-geral da ASVDH, participou na sessão do tribunal tendo testemunhado o sucedido. O advogado de defesa, o Sr. Mohamed Fadel Eleili, que estava presente, não consegui acompanhar o desenvolvimento da sessão, que foi deliberadamente feita de modo acelerado.
A ASVDH denunciou a proibição feita à família de acesso ao Tribunal e apela a todas as organizações internacionais e todos as organizações de direitos humanos a enviar observadores internacionais para monitorar o julgamento de Lebsir em 9 de Setembro próximo.
Recordamos que Salah Eddine Lebsir foi preso no dia 06 de junho de 2015, devida à sua participação em manifestações pacíficas, na cidade de Smara , nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, reivindicando o direito à autodeterminação do povo saharaui. Lebsir é um ativista político e jornalista conhecido pelas autoridades marroquinas. Foi falsamente acusado de formação de um grupo criminoso, provocação e participação em tumultos, vandalismo, atirando pedras e encargos incendiários ... Estas acusações são iguais ou muito similares em todos os julgamentos dos activistas saharauis e dos jornalistas. Desde 2005 que a população saharaui nos territórios ocupados iniciou uma Intifada pacífica, que provoca a repressão selvagem das autoridades marroquinas que mantêm um estado de terror e controle militar e policial nos territórios ocupados.
O Reino de Marrocos recorre ao silenciamento dos jornalistas e todos aqueles que tentam denunciar as graves violações cometidas pelas autoridades marroquinas, através da prisão, sequestro, torturas, violações dos cidadãos saharauis e da expulsão sistemática de observadores internacionais.
Actualmente encontram-se detidos mais de 50 presos políticos, alguns com sentenças de perpetua.
Isabel Lourenço
7 de Agosto de 2015