Comércio exterior: nova estratégia

SÃO PAULO - Depois do malogro dos entendimentos da Rodada Doha, promovida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), muitos países preferiram incrementar as negociações para a assinatura de acordos bilaterais ou regionais. Esses acordos procuraram, por meio da redução de tarifas aduaneiras e a concessão de facilidades, abrir mercados, ampliando as operações de exportação e importação. As nações que ficaram de fora desses acordos ou blocos acabaram por se isolar comercialmente e seus produtos passaram a encontrar mais obstáculos, além daqueles que surgem em razão de sua pouca competitividade.

Milton Lourenço (*)

Esse é o caso do Brasil que, nos últimos 22 anos, só foi capaz de assinar três acordos - com Israel, Palestina e Egito - e, ainda assim, tão inexpressivos que pouco representam na corrente de comércio do País. Já nações como Chile, México e Estados Unidos, que preferiram assinar muitos acordos comerciais, apresentam números bem mais significativos.

Com a presença do empresário Armando Monteiro à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o governo parece, finalmente, ter despertado para a necessidade de promover a inserção do País nas cadeias produtivas, com vistas à colocação não só de commodites agrícolas e minerais como principalmente de produtos manufaturados e semimanufaturados.

A reaproximação comercial com os Estados Unidos parece caminhar bem com a possível visita da presidente Dilma Rousseff a Washington até setembro. Mas é preciso que essa reaproximação seja marcada pela promoção de feiras e exposições naquele país que mostrem que o Brasil não é só produtor de matérias-primas, mas que dispõe de um parque industrial capaz de produzir manufaturados de baixa, média e alta tecnologia, de que os aviões da Embraer são bom exemplo.

A nova estratégia não deve se resumir aos Estados Unidos, ainda que este país represente o maior mercado do planeta.  O MDIC, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), deve definir outros mercados prioritários, sem levar em conta ideologia ou aspectos políticos, abandonando uma prática que nos últimos anos só colheu fracassos na diplomacia comercial.

Nesse sentido, seria de suma importância que o Brasil convencesse seus parceiros no Mercosul a concluir as negociações com a União Europeia que já se arrastam há mais de dez anos. Antes disso, porém, seria recomendável que o próprio Mercosul fosse aperfeiçoado, deixando de ser uma união aduaneira para se transformar em área de livre comércio.

Caso contrário, o Brasil vai continuar atrelado ao crescimento econômico da China. Se a nação asiática continuar a crescer em níveis elevados, as cotações das commodities serão mantidas e o País poderá ainda exibir uma balança comercial equilibrada. Mas, por trás disso, estarão o sucateamento e o fechamento de seu parque industrial que, aliás, em 2014, registrou um recuo de 3,2% em sua produção, o pior resultado desde 2009.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br.

 


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Pravda.Ru Jornal