BRASILIA/BRASIL - Três partidos (PT, PSDB e PMDB) concentraram 60% dos gastos com a campanha eleitoral das eleições deste ano no Brasil: R$ 2,9 bilhões. 20%, ou R$ 1 bilhão, foram doados por apenas dez empresas.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Candidatos a deputado estadual (eleitos e derrotados) foram os que mais gastaram, R$ 1,2 bilhão, seguidos pelos candidatos a governador, R$ 1,1 bilhão, e pelos candidatos à deputado federal, R$ 1 bilhão.
O custo recorde bota lenha na fogueira da discussão sobre a reforma política e o financiamento das empresas, cuja constitucionalidade é discutida no Supremo Tribunal Federal (STF).
Com gastos totais de R$ 5 bilhões, a campanha eleitoral de 2014 foi a mais cara da história, ultrapassando em 2% a de 2010, que, diferentemente do pleito deste ano, tinha o dobro dos cargos ao Senado em disputa. Os números foram obtidos após levantamento nas prestações de contas de todos os candidatos em disputa, eleitos e derrotados.
O levantamento mostra de 60% dos recursos investidos nas campanhas, R$ 2,9 bilhões, foram gastos por apenas três partidos, PT, PSDB e PMDB. Apenas dez empresas investiram R$ 1 bilhão em candidaturas, ou 20% do total. Somados, os maiores gastos ficaram por conta das disputas às assembleias legislativas, R$ 1,2 bilhão, seguida pelos candidatos a governador, R$ 1,1 bilhão e aos candidatos a deputado federal, R$ 1 bilhão.
Segundo levantamento feito com base nas prestações de contas oficiais dos partidos ao Tribunal Superior Eleitoral, os gastos em publicidade representaram metade do total investido pelos candidatos na disputa eleitoral deste ano, seguidos por despesas com pagamento de pessoal e com custos de transporte.
O alto volume de financiamento de campanha por grandes grupos empresariais esquenta o debate sobre a reforma política. Arrasta-se no Supremo Tribunal Federal o julgamento de pedido da Ordem dos Advogados do Brasil para que seja declarado inconstitucional o financiamento por empresas. Seis ministros já votaram a favor da OAB, mas enquanto os demais não se pronunciam, eles podem mudar o voto.
A votação já foi interrompida por dois pedidos de vista: um do ministro Teori Zavascki, único que votou contra a proibição, e outro do ministro Gilmar Mendes, que já sinalizou posição também contrária, mas que ainda não declarou o seu voto.
O Congresso Nacional, que é contra a mudança das regras por meio da STF, tem vários projetos sobre o assunto em tramitação atualmente.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU