Ex-embaixador de Cuba no Brasil vê passos para normalização das relações EUA-Cuba
Havana, (Prensa Latina) Se não no próximo governo, quiçá no seguinte, deve ter uma decisão substancial dos Estados Unidos para a normalização das relações com Cuba, disse o ex diplomáta cubano Ramón Sánchez-Parodi, que foi embaixador de Cuba no Brasil nos anos 90.
Em entrevista para o diário Granma, publicada nesta sexta (13), Sánchez-Parodi, primeiro chefe da Seção de Interesses de Havana em Washington (1977-1989), opinou com respeito a uma aproximação entre ambos países que "se está avançando algo" e "o tempo político está a favor de que se elimine o bloqueio" imposto por Estados Unidos durante mais de meio século.
No entanto, considerou que o presidente Barack Obama nunca tem estado, em nenhum sentido, em um caminho de busca duma normalização de relações.
A seu julgamento, sua política é "uma versão light da mesma política de George W. Bush (filho). Não tem mudado".
Sánchez-Parodi considerou que com Obama não vai passar (a normalização das relações), mas acrescentou que quiçá suceda nos próximos mandatos presidenciais, sejam republicanos ou democratas.
Em sua opinião, a Washington faz-lhe falta mudar a política de Estado mantida para Cuba.
"Como Estados Unidos vai resolver sua política para a América Latina sem resolver suas relações com Cuba? Nós temos relações plenas com todos os países da América Latina e o Caribe, e até com Estados Unidos temos vínculos diplomáticos", argumentou.
Assegurou que estes países não vão mudar sua política para Cuba e recordou que "já disseram que não terá Cúpula das Américas (que será no Panamá no 2015) se Cuba não participa".
Com respeito ao levantamento do bloqueio, explicou que não é um decreto, senão um processo que pode levar muitos anos.
Há coisas que se fazem, assinalou, ao exemplificar com a discussão do tema do correio postal entre os dois países.
Mas ainda que diga-se: eliminou-se o bloqueio, no mundo as relações estão reguladas por acordos bilaterais ou multilaterais, que teriam que negociar entre Cuba e Estados Unidos, enfatizou.
"Por suposto, no dia que Estados Unidos diga, eliminadas a Lei Torricelli, a Helms-Burton, deixo sem efeito a proclamação presidencial de Kennedy, já isso tem um impacto muito grande, imenso", disse Sánchez-Parodi.
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